Lição 4 – Quem segue a Cristo cultiva a prática da oração e do jejum
Prezado(a) professor(a), iniciamos mais um trimestre! Você já assistiu a apresentação deste trimestre em nosso canal no Youtube? Acesse o link (https://youtu.be/dKyw9mBeKms) e veja o que preparamos para vocês neste trimestre.
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria da professora Telma Bueno.
INTRODUÇÃO
Nas Escrituras Sagradas, tanto no Antigo como no Novo Testamento, encontramos várias referências ao jejum e à oração como uma prática do povo de Deus. Mas o que é o jejum e a oração? Existe uma definição que seja completa e plena quando se trata desses temas? Não podemos afirmar. Acredito, contudo, que a oração é nosso diálogo com Deus e que o jejum é a abstinência de alimentos por um período para uma maior consagração a Deus.
É importante ressaltar que a oração não é um monólogo; temos um Deus que ouve e responde todas as nossas orações (Jr 33.3). Por meio da oração e do jejum, expressamos nossa gratidão ao Eterno e as nossas necessidades e anseios. Pois já pensou o que seria de nós se não fosse o Senhor (Sl 124)? Por meio da oração e do jejum, também acertamos as “contas” com o Pai, ou seja, buscamos o perdão divino pelas faltas cometidas (1 Jo 1.9). Não somos mais escravos do pecado (Rm 6.14), mas, como seres humanos, estamos sujeitos ao erro e precisamos diariamente buscar o perdão de Deus, confessar nossas falhas e abandoná-las.
Ao fazermos a leitura dos Evangelhos, veremos que Jesus, o Filho de Deus, orou e jejuou em diversas ocasiões durante o seu ministério terreno. Distintas vezes Ele afastou-se para lugares desertos a fim de orar e buscar uma maior comunhão com o Pai. Antes de enfrentar a cruz — a missão para a qual Ele veio ao mundo —, orou no jardim do Getsêmani com tamanha intensidade “que o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue” (Lc 22.44). O Salvador também jejuou e disse que chegaria o dia em que os seus discípulos teriam que jejuar. A prática do jejum e da oração não foi revogada pelo Mestre e deve ser observada por todos os seus seguidores em todos os tempos.
Depois de verem o Mestre orando, os primeiros discípulos manifestaram o desejo de aprenderem com Jesus a orar. Tal fato mostra-nos o quanto eles foram influenciados pelos momentos em que Jesus Cristo passava junto ao Pai em oração. Certa vez, os discípulos disseram: “Senhor, ensina-nos a orar […]” (Lc 11.1). Então, Jesus ensina-lhes uma oração breve, diferente das que faziam os fariseus, porém belíssima e rica de instruções. O Mestre ensina a tão conhecida oração do Pai-Nosso ou Oração Dominical. Muitos acreditam que essa oração deva ser decorada, repetida de forma mecânica e vazia por todos os seguidores de Cristo. Esse, entretanto, nunca foi o propósito do Salvador. Podemos afirmar que Jesus apenas apresentou um roteiro, um modelo, que os seus seguidores poderiam utilizar se assim desejassem. Neste capítulo, não vamos tratar a respeito da oração do Pai-Nosso. O que desejamos enfatizar, devido à sua relevância, é o fato de que o Mestre orava e jejuava. O seu exemplo conduziu os seus discípulos a fazer o mesmo.
I – A ORAÇÃO COMO TERMÔMETRO DA ESPIRITUALIDADE
“A oração é a expressão mais íntima da vida cristã, o ponto alto de toda experiência religiosa genuinamente espiritual (Robert Brand).” A partir dessa definição de oração, podemos afirmar que não existe um protocolo específico para a oração, embora muitos crentes na atualidade prefiram fazer as suas orações de joelhos. Os judeus nos tempos bíblicos tinham o costume de orar de pé. Essa era a postura de oração aceita por eles. No entanto, no jardim do Getsêmani, Lucas diz que Jesus colocou-se de joelhos para orar (Lc 22.41). Que fique claro que não é a posição de nosso corpo no momento da oração que vai determinar se ela será respondida pelo Pai Celeste. Lembre-se: o importante é orar.
Jesus orava, e as Escrituras Sagradas advertem-nos a orar sem cessar (1 Ts 5.17) a fim de que não venhamos cair em tentação. O apóstolo Paulo, como um seguidor de Jesus, também orava e, na sua epístola aos Tessalonicenses, revela o quanto orou em favor daqueles irmãos (1.3; 3.10; 2 Ts 1.11). Quando Paulo diz “orai sem cessar”, ele está mostrando que podemos orar em todo o tempo, em qualquer lugar e a qualquer hora, sem protocolos. Por intermédio de nosso Sumo Sacerdote, hoje temos acesso a qualquer momento ao trono do Eterno. O véu do Templo rasgou-se, pois o sacrifício de Jesus Cristo abriu o caminho para Deus (Mt 27.51).
Para o crente, o momento da oração é sempre prazeroso e jamais deve ser visto como uma obrigação ou um fardo, pois é nosso tempo, nosso momento de comunhão e intimidade com o Pai. Afinal, queremos estar juntos daqueles que amamos! Mas, na atualidade, alguns crentes já não se sentem mais à vontade e confortáveis para adentrar na presença do Pai em oração. Talvez seja essa a razão de vermos tantas pessoas desanimadas, apáticas e insatisfeitas, mesmo sendo membro de uma igreja. Não se engane! Não há intimidade com Deus sem oração, e nosso relacionamento com Ele torna-se superficial. Sem um relacionamento mais íntimo e pessoal com Deus, tornamo-nos como os crentes de Laodiceia: mornos espiritualmente (Ap 3.16). Mornidão significa letargia e apatia por tudo que diz respeito ao Reino de Deus. Como você está, meu irmão(ã)? Aqueça sua alma e seu espírito por intermédio da oração! É tempo de buscarmos a Deus: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas (Ap 3.22).
Jó era um homem sincero, reto e temente a Deus (Jó 1.1). Acordava de madrugada e oferecia holocaustos segundo o número dos seus filhos (Jó 1.5), contudo parecia não desfrutar de um relacionamento íntimo e pessoal com o pai, pois ele afirma: “Antes eu te conhecia só por ouvir falar, mas agora eu te vejo com os meus próprios olhos” (Jó 42.5, NTLH). Parece que o levantar de madrugada e os sacrifícios eram somente religiosidade, algo que foi muito combatido por Jesus Cristo. Jó, todavia, mediante a dor e o sofrimento, teve um encontro real com o Senhor, e o nome do Pai foi glorificado na sua vida.
Como discípulos de Jesus Cristo, precisamos apartar a oração de tudo aquilo que não é condizente com as Sagradas Escrituras, pois há crendices em relação à prática da oração e do jejum. Há crentes que ainda insistem em afirmar que a “fila” é menor durante a madrugada e que por isso obteremos mais rapidamente as respostas.
Durante o seu ministério terreno, Jesus alertou os discípulos quanto à postura hipócrita de alguns partidos religiosos da sua época. Os membros desses partidos, em especial os fariseus, gostavam de orar de pé nas ruas e sinagogas para chamarem a atenção e serem vistos (Mt 6.5). Precisamos estar alertas e vigilantes para que não venhamos repetir essa mesma prática. Que nossos momentos de oração, sejam eles em público ou em nossos lares, não se tornem uma obrigação religiosa. Que também não venhamos usar a oração como uma ostentação de nossa espiritualidade (Mt 6.5-8).
O discurso de Jesus a respeito da oração no Sermão do Monte foi bem incisivo (Mt 6.5,6), pois o Mestre em momento algum se preocupou com a sua popularidade ou em fazer um discurso que agradasse as pessoas.
No texto de Mateus, Jesus não trata a respeito da oração pública, pois Ele mesmo orava na presença de outras pessoas (Mt 11.25,26). O que realmente importava para o Mestre era a “ardilosa orquestração de religiosidade”. Os fariseus gostavam de fazer do momento da oração um grande show em que eles demonstravam ser homens santos. Por várias vezes foram severamente repreendidos por Jesus em razão da hipocrisia (cf. Mt 23). Não somente na hora da oração, mas também nos momentos sagrados, os fariseus amavam os primeiros acentos e faziam de tudo para serem vistos pelos homens.
Jesus afirmou que os fariseus eram hipócritas e condutores cegos, pois a religiosidade deles estava no exterior, nos rituais e na justiça própria, em detrimento do que era relevante, ou seja, o juízo, a misericórdia e a fé (Mt 23.23). Era o que Deus exigia deles e de nós. Jesus exorta os discípulos para que eles fujam do exibicionismo e da falsidade.
Você já deve ter percebido que precisamos abrir um parêntese na temática do capítulo e refletir a respeito da conduta dos escribas e fariseus. Sabe por quê? Em primeiro lugar, para que jamais venhamos cometer os mesmos erros que eles. A segunda razão está no fato de que o comportamento deles mostra-nos que uma vida de oração frutífera não se alcança através do engano e nem por nossos méritos. Não recebemos nada do Pai pelo que fazemos. Tudo o que somos e temos é resultado de nossa fé em Jesus Cristo, do seu amor e da sua graça. Nossa salvação, o melhor que podemos receber de Deus, dá-se única e exclusivamente pela fé em Jesus Cristo (Gl 2.16) e mediante a sua maravilhosa graça (Hb. 4.16). Como seguidores de Jesus Cristo, temos que repudiar o modo de viver dos fariseus, pois, caso contrário, jamais vamos agradar ao Pai e viver para a sua glória. Sabemos que os fariseus e os escribas eram extremamente cuidadosos em relação aos rituais de purificação, e, segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, eles “coavam a água para evitar engolirem um mosquito, um inseto impuro, de acordo com as leis”. O exterior deles estava sempre muito limpo e bem apresentável, mas no seu coração abrigavam o engano e a ganância. Segundo Jesus, eles eram como os sepulcros caiados (Mt 23.27,28), por fora lindo, mas por dentro cheios de podridão. Era preciso muita coragem para dizer o que as pessoas realmente precisavam ouvir, mas podemos ver que não faltou coragem em Jesus para amar, consolar e para exortar e confrontar aquela geração quando era preciso. Tal verdade mostra-nos que é preciso ter muita coragem para ser um seguidor de Jesus Cristo; somente os corajosos seguem a Jesus em espírito e em verdade.
Vivemos tempos difíceis em que temos visto pandemias assolando a Terra, além de guerras e catástrofes naturais. O que podemos fazer diante das crises de nosso tempo? Conformarmo-nos? O que podemos fazer? Como seguidores de Jesus Cristo podemos orar e jejuar.
A oração tem poder para mudar os corações e as circunstâncias. Neemias, ao ouvir a respeito do estado em que se encontrava a cidade de Jerusalém, chora e lamenta por vários dias (Ne 1.4). Jerusalém estava em ruínas, pois estava com os seus muros destruídos e as suas portas queimadas. Os que não foram levados para o cativeiro estavam vivendo em grande miséria e desprezo (Nm 1.3,4).
Neemias tinha um bom emprego, era copeiro do rei e vivia na fortaleza de Susã; contudo, lamentou-se em favor dos seus irmãos. Ele não se conformou com a destruição e rejeitou-se a ver pessoas vivendo sobre escombros. Depois de chorar e lamentar-se, levantou-se e tomou a atitude certa: “estive jejuando e orando perante o Deus dos céus” (Ne 1.4). A oração e o jejum podem mudar toda e qualquer situação adversa.
Mudaram a condição do povo, pois os muros foram reconstruídos, e as pessoas puderam desfrutar de um novo tempo.
Que venhamos a orar e jejuar, tendo sempre uma prática de oração e jejum correta, segundo nos ensinou o Mestre, pois sabemos
que não é nosso muito falar que atrairá a atenção do Pai quando orarmos. Ele é atraído por nosso quebrantamento, nosso desejo de estar na sua presença ainda que não recebamos aquilo que pedimos com tanta veemência. A Palavra de Deus narra que os profetas de Baal fizeram um show durante a oração no monte Carmelo. Eles gritaram para que o deus deles mandasse fogo; dançaram em volta do altar, só que nada aconteceu. No entanto, quando Elias invocou ao Senhor em oração de modo simples e breve, o fogo caiu, e todos puderam ver que o Senhor era o único e verdadeiro Deus (1 Rs 18.25-29).
II- APRENDENDO A ORAR COM JESUS
Se hoje temos acesso direto ao Pai mediante a oração é porque Jesus morreu em nosso lugar e porque o véu do Templo foi rasgado de alto a baixo, rompendo a barreira divina que havia entre a humanidade pecadora e o Deus Santo (Mt 27.51). Na posição de Senhor, o Mestre não precisava orar, mas, enquanto homem, em carne e sangue, necessitava da oração e do jejum para manter a comunhão com o Pai e para deixar-nos o seu exemplo. O ministério terreno de Jesus foi breve, pois durou cerca de três anos e meio, e a oração foi a sua marca. Os Evangelhos mostram que Jesus buscava ter um momento de oração já pela manhã, ainda bem cedo. Ele procurava um lugar mais reservado e ali revelava toda a sua dedicação ao Pai: “E, levantando-se de manhã muito cedo, estando ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e ali orava” (Mc 1.35). Várias referências mostram-nos que essa não era uma ação isolada do Mestre, mas era algo habitual que fazia parte da sua rotina (Mt 14.23; Mc 6.46; Lc 5.16; 9.18,28).
Orar era algo tão comum na vida de Jesus que os seus discípulos foram influenciados e impactados por essa prática. Eles pedem ao Mestre que os ensine a orar. Essa vontade de aprender a orar veio do relacionamento deles com Jesus. Já sabemos que a oração ensinada por Jesus foi o Pai-Nosso, que se tornou a mais conhecida de todos os tempos.
O Mestre Jesus ensinou o seu povo a respeito do Reino de Deus; entretanto, Ele não somente ensinou, como também viveu na prática tudo o que lecionou. O seu discurso não era diferente da sua prática, pois Ele foi sempre coerente. Parece que está faltando coerência na atualidade. Muitos ensinam a respeito da necessidade da oração, mas não oram. Sem qualquer sombra de dúvida, podemos afirmar que tal atitude é hipocrisia.
Uma das ocasiões em que Jesus orou intensamente foi antes da escolha dos seus primeiros discípulos. A Bíblia diz que o Salvador passou a noite em oração antes de tão importante decisão, pois Ele sabia da importância desses homens na proclamação do Reino, especialmente depois da sua partida. Jesus não confiou no seu discernimento, no fato de que conhecia os corações dos homens. Ele falou com o Pai antes da sua escolha. Uma escolha que a princípio parecia fácil, mas não era, pois, esses homens teriam os seus nomes escritos na cidade celestial segundo João (Ap 21.14). Já pensou no tamanho da responsabilidade?
Sigamos o exemplo do Mestre e que jamais venhamos tomar qualquer decisão, seja em nossa vida, seja no ministério, sem antes falarmos com Deus em oração. Depois do novo nascimento, devemos ser guiados pelo Pai; por isso, precisamos seguir o exemplo de Jesus, que fez tudo debaixo da orientação divina. Os discípulos, até mesmo Judas, foram escolhidos segundo a direção do Todo-Poderoso.
Podemos também ver o Senhor Jesus orando antes de cumprir a missão pela qual Ele veio ao mundo: morrer por nossos pecados. Jesus sabia o quão difícil seria carregar nossos pecados naquela cruz, enfrentando a dor física, emocional e espiritual. Então, Ele foi até o seu jardim favorito para ali falar com o Pai a respeito de tudo o que estava sentindo. Aprendemos com Jesus que não é fraqueza expressar nossos verdadeiros sentimentos. Podemos apresentar ao Pai tudo aquilo que está dilacerando nossa alma. Como homem, Jesus experimentou a aflição daquele momento tão difícil, mas o Salvador também demonstrou o seu compromisso e a sua firmeza em fazer somente a vontade do Pai.
Os discípulos de Jesus foram juntos com Ele para o lugar da oração, mas não conseguiram orar em meio à aflição e aos momentos terríveis que logo viriam. O texto bíblico de Lucas 22.45 diz que Jesus encontrou-os dormindo de tristeza. Em breve, Jesus seria preso e morto, e os discípulos ficariam decepcionados com a sua prisão e morte, pois esperavam um messias político que os libertasse do domínio do Império Romano, mas Jesus não veio ao mundo com uma missão política. O seu Reino não era deste mundo, e tal verdade não foi compreendida pelos judeus. Jesus, contudo, orou: “Pai, se for da tua vontade, Eu estou pronto para dar minha vida para que todas as pessoas que acreditarem em mim sejam salvas dos seus pecados.” Jesus era consciente da sua missão neste mundo e renunciaria à sua vontade para cumprir todos os planos do Pai.
CONCLUSÃO
Estamos vivendo tempos trabalhosos; enfrentamos diferentes crises: espiritual, política e econômica, e tudo isso é consequência do mundo decaído em que vivemos. Contudo, é o Senhor que nos garante: “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra” (2 Cr 7.14). Que venhamos manter a disciplina do jejum e da oração até que Jesus volte para buscar a sua Igreja.
Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: Imitadores de Cristo: Ensinos Extraídos das Palavras de Jesus e dos Apóstolos. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.