Lição 09: Davi: Forjado pelo o tempo
Prezado(a) professor(a), para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria de Thiago Santos.
INTRODUÇÃO:
As adversidades, desafios e perseguições que Davi enfrentou contribuíram de maneira significativa para forjar o seu caráter. Acontece que esses não foram os únicos fatores determinantes. O tempo também influenciou no preparo de Davi para ascender ao trono de Israel e cumprir os propósitos divinos para a nação. Os longos anos de espera e preparo foram importantes para que o jovem pastor de ovelhas fosse lapidado e tornasse-se um dos maiores reis da história de Israel.
Durante o tempo de espera, Davi não ficou inerte ou desocupado; antes, dedicou os seus anos a servir com excelência ao rei Saul, seja na qualidade de harpista, seja mesmo como guerreiro nas batalhas ao lutar pelo exército de Israel. Observe que não faltou dedicação em Davi durante o tempo em que se preparava para liderar a nação quando chegasse a hora certa. Enquanto isso, a trajetória do ungido do Senhor foi marcada por muito aprendizado, trabalho, aprimoramento das habilidades e discernimento. Até mesmo quando os seus inimigos foram derribados pelas guerras, Davi foi testado quanto a sua humildade e honestidade. Ele manteve-se respeitoso para com Deus e os homens (2 Sm 1.1-16).
Outro aspecto que se destaca na vida de Davi é o tempo. Não apenas o tempo terreno, mas, principalmente, o tempo de Deus. Davi teve uma trajetória admirável porque soube ser paciente até mesmo nos momentos de grande aflição. Ele manteve-se fiel, servo dedicado, virtuoso e cheio do Espírito, qualidades estas que não abandonou desde a sua mocidade. Concomitantes ao seu compromisso estavam as promessas divinas. O Senhor estabeleceu uma aliança com Davi e prometeu que o seu reino seria firmado para sempre (2 Sm 7.15,16). Essa promessa referia-se ao Messias que reinaria para sempre sobre todo o Israel. Dessa forma, o nome de Davi seria lembrado por todas as gerações.
Por fim, vale dizer que muito do êxito do filho de Jessé deveu-se à sua submissão contínua à vontade de Deus. O tempo de espera não fez com que o coração de Davi ficasse cheio de soberba, ganância, vaidade ou sentimento de vingança contra os seus inimigos; antes, ele foi humilde, submisso, não pagou o mal com mal e, sobretudo, foi resiliente diante das adversidades e perseguições, não perdendo a sua confiança em Deus (Sl 54; 142). Neste capítulo, aprenderemos muitas lições a partir da espera de Davi para assumir o trono de Israel.
I – LONGOS ANOS DE ESPERA E DE PREPARO:
Os longos anos de espera para ver as promessas do Senhor serem cumpridas serviram para testar a integridade de Davi. A unção com óleo no meio dos seus irmãos era apenas o início de um chamado que precisava amadurecer (1 Sm 16.13). As mãos do Senhor lapidariam cuidadosamente o jovem pastor a fim de que ele estivesse preparado para cumprir os propósitos divinos.
Davi seria testado quanto ao seu compromisso para com Deus no sentido de que nunca deveria recuar da sua comunhão com Ele, nem mesmo perder a fé diante das adversidades. Em contrapartida, deveria ser assim também com os homens no sentido de que deveria servir fielmente ao rei apesar das suas controvérsias.
Outra atitude de Davi que surpreende até mesmo os mais próximos é a sua reação para com a morte de Jônatas e Saul. Ele não se alegrou, dançou ou sorriu com a morte do seu perseguidor. Davi, pelo contrário, chorou e lamentou a morte do rei e do seu filho (2 Sm 1.9-16). Observe como o tempo provou que Davi não era, de fato, um mal caráter ou alguém que desejava usurpar o trono de Israel. Por esse motivo, Deus exaltou-o no tempo certo e recompensou-o sobremaneira.
Na Espera, Aprendizado:
Durante o tempo que teve de esperar para ver cumpridas as promessas divinas na sua vida, Davi não ficou inerte ou achando que tudo aconteceria de forma natural. Ele, muito pelo contrário, trabalhou duramente e empenhou-se ao máximo para alcançar os seus objetivos. Esse comprometimento de Davi leva-nos a refletir sobre o dever de sempre fazer o melhor.
A qualidade de nosso serviço, o esmero em fazer com atenção nosso trabalho (seja o de ordem profissional, seja o de ordem espiritual) e a motivação para permanecermos constantes em tudo o que nos comprometemos resumem os mesmos sentimentos e pensamentos que estavam no coração de Davi. Tudo o que ele fazia era para a glória de Deus.
Observe que o distintivo “prudência” era um diferencial na conduta de Davi (1 Sm 18.14). Essa postura fez com que ele tivesse maior destaque frente aos demais soldados do rei. Da mesma maneira, a sua dedicação ao Senhor mostrou-se contundente. Apesar das lutas, perseguições e adversidades, Davi mostrava-se inclinado a aprender e a ser sensível à voz de Deus. Ele era um homem de oração e expressava bem os seus sentimentos e intenções diante de Deus (Sl 57), tanto é que, nos momentos mais difíceis, Davi recebeu a inspiração para escrever os salmos mais belos da Bíblia.
A trajetória de Davi chama-nos a atenção quanto à forma como o Senhor prepara os seus servos para cumprir os seus propósitos. O amadurecimento não é automático; ele requer tempo. Nesse tempo, estão o relacionamento com Deus, isto é, a crescente intimidade e co-munhão com Ele, e o aprender a lidar com as experiências desafiadoras que se apresentam na caminhada à medida que a fé é provada. São esses elementos que resultam na capacitação para o exercício pleno do chamado divino.
Quando a “Vitória” não Vem do Senhor:
Davi foi testado várias vezes quanto à sua integridade. Ele teve de ter paciência para analisar cada circunstância e discernir o que era a vontade de Deus ou, então, uma armadilha para fazê-lo pecar. Como o seu coração pertencia a Deus, ele não se deixou levar pelas aparências (1 Sm 24); antes, manteve firme o compromisso de agradar a Deus acima de todas as coisas, mesmo que isso lhe causasse prejuízo e tivesse de desagradar aos homens.
Quando estava sendo perseguido por Saul, Davi e os seus homens abrigaram-se no deserto de En-Gedi. Nessa ocasião, Saul reuniu três mil homens para procurar Davi. Eles foram pelos montes e cumes das penhas onde se encontravam as cabras monteses. Chegando a certo local onde havia uma caverna, Saul foi “cobrir os pés” (1 Sm 24.1-3).
Para muitos dos seus soldados que acompanharam o sofrimento de Davi, esta era a grande oportunidade de vingar-se do seu rival (ver 1 Sm 24.4). Os soldados tentaram convencer Davi a não desperdiçar a chance de dar fim ao sofrimento e ver-se definitivamente livre da perseguição. A atitude de Davi, porém, surpreende até mesmo os mais próximos, e ele rejeita a possibilidade de fazer justiça com as próprias mãos.
Muitas vezes, Satanás tenta-nos a seguir pelo caminho mais fácil. Foi assim na tentação de Jesus no deserto: “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares”, disse Satanás (Mt 4.9). Todo crente, semelhantemente a Davi, deve ter em mente o mandamento de Cristo (Mt 5.44). Davi cumpria a vontade de Deus, não por legalismo ou obrigação, mas porque desejava agradar a Deus. Portanto, Deus o faria prevalecer, e não a força do seu braço.
Duas Mortes, dois Prantos:
Depois de enfrentar muitos desafios impostos pelas perseguições de Saul, Davi quase perdeu a vida pelas mãos dos filisteus e viu a sua família vulnerável em razão de uma fuga cansativa (1 Sm 21–23). Até que chegou o tempo em que aquela terrível perseguição terminaria. Para muitos ao redor de Davi, a morte de Saul significava o fim de um período desgastante de dor e perseguição. Por fim, o ungido do Senhor veria a justiça divina sobre os seus inimigos. Esse, contudo, não era o pensamento de Davi.
Ao saber da morte do rei Saul e do seu filho Jônatas, a história mostra-nos que Davi não se alegrou, dançou ou sorriu com a derrota do seu perseguidor. Davi, ao contrário, chorou e lamentou a morte do seu antecessor, pois se recordava dos tempos em que o toque da sua harpa tranquilizava o rei de Israel (2 Sm 2.17-27). Davi sabia que a morte do rei da forma como ocorreu não era o propósito divino para a vida dele. Por esse motivo, Davi permaneceu honrando o rei até mesmo depois da sua morte.
Outro personagem que se destacou nessa ocasião é Jônatas, filho do rei Saul e amigo próximo de Davi. O filho do rei desenvolvera uma amizade verdadeira e afetuosa com Davi, tanto que os dois firmaram uma aliança de honra que subsistiria até mesmo após a morte de ambos (1 Sm 20.11-17). Esse foi mais um motivo para Davi não se alegrar com a morte da família do rei.
O lamento de Davi e a sua reação diante da morte de Saul e Jônatas foram reações que demonstraram a integridade e a singularidade do caráter do ungido do Senhor. Trata-se de uma atitude que rejeitava todo e qualquer espírito de vingança e dava lugar a um sentimento de honra e respeito que agradava ao coração de Deus (2 Sm 1.1-16). Note como o tempo provou que Davi, de fato, não era um mal caráter ou alguém que desejava usurpar o trono de Israel. As atitudes dele expressavam os valores do Evangelho ensinados por nosso Senhor Jesus, quando discorre sobre as bem-aventuranças (Mt 5.1-12). Foi por esse motivo que Deus exaltou-o no tempo certo e recompensou-o sobremaneira.
Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Telma Bueno
Editora da Revista Lições Bíblicas Jovens
Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: Davi: de Pastor de Ovelhas a Rei de Israel. Fé e ação em meio às adversidades da vida. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.