Lição 01 – A igreja que nasceu no pentecostes
ESBOÇO DA LIÇÃO:
INTRODUÇÃO:
I – A NATUREZA DO PENTECOSTES BÍBLICO
II – O PROPÓSITO DO PENTECOSTES BÍBLICO
III – CARACTERÍSTICAS DO PENTECOSTES BÍBLICO
CONCLUSÃO:
Esta lição tem três objetivos que os professores devem buscar atingi-los:
I) Apresentar a natureza do Pentecostalismo Bíblico;
II) Enfatizar o propósito do Pentecostalismo Bíblico;
III) Elencar as características do Pentecostalismo Bíblico.
O Propósito do Batismo Pentecostal:
O que foi dito até aqui revela que os eventos ocorridos no dia de Pentecostes, notadamente marcado por manifestações teofânicas, destacam a realidade da presença de Deus no meio do seu povo. Lucas não tenciona na sua narrativa apresentar um Deus teórico, mas vivo e real. Deus estava ali. Quem se encontrava ali, por exemplo, podia até não compreender o que estava acontecendo (At 2.12), mas também não podia duvidar de que Deus estava lá (At 2.11). O Senhor era um Deus ouvido e visto. Tudo isso demonstra que havia um propósito sublime na presença divina no Pentecostes.
“E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2.4). Esse é, sem dúvidas, um dos fenômenos mais extraordinários manifestado no Pentecostes. De fato, a sua ocorrência deixou os presentes atordoados (At 2.6). A pergunta feita por aqueles que não pertenciam à comunidade cristã foi: “Que quer isto dizer” (At 2.12). Pedro traz uma resposta contundente a essa pergunta a partir da exposição das Escrituras do Antigo Testamento. Citando o profeta Joel, Pedro demonstra como essa profecia teve o seu real cumprimento no Pentecostes (At 2.17; Jl 2.28).
Por outro lado, convém dizer que os cristãos ali reunidos, embora não haja indicação de que tivessem conhecimento prévio dos fenômenos que ocorreriam por ocasião da vinda do Espírito, já aguardavam com expectativa o cumprimento da promessa do Espírito feita a eles por Jesus (Lc 24.49; At 1.5,8). Quando, portanto, perceberam que,
inspirados pelo Espírito, estavam falando em outras línguas totalmente desconhecidas para eles, tiveram a certeza de que a promessa feita a eles por Jesus estava tendo o seu real cumprimento. Pedro confirma esse entendimento quando associa essa fala inspirada no Pentecostes, expressa no falar em outras línguas, com a fala profética predita pelo profeta Joel (At 2.17,18; cf. Jl 2.28). Não resta dúvida, portanto, de que o falar em línguas no dia de Pentecostes foi percebido pelos discípulos como uma evidência física de que eles haviam recebido o batismo pentecostal predito por Jesus.
Stanley Horton destaca que:
Assim, com todo o ser rendido ao poder e à pessoa do Espírito de tal forma que os efeitos do Seu grande poder pudessem ser vistos, as línguas tornaram-se a evidência convincente de que Jesus estava à direita do Pai, que a profecia estava sendo cumprida e que o Espírito Santo havia realmente enchido os crentes de uma nova maneira. A multidão não tinha dúvidas sobre o que Pedro quis dizer quando disse: “Isto é aquilo!”. Essa mesma evidência de línguas também convenceu Pedro, as testemunhas que ele levou consigo e os cristãos judeus em Jerusalém de que os gentios deveriam ser admitidos na comunhão da igreja. Aqui estava um lugar onde uma evidência convincente era realmente necessária, e a que o Senhor escolheu dar foi línguas. Nada mais poderia ter superado o preconceito dos crentes judeus, a não ser essa prova de que os gentios haviam recebido o dom semelhante (literalmente, o dom idêntico). Atos 11.17,18. Paulo em Éfeso encontrou crentes (cristãos de acordo com o uso do termo por Lucas) aparentemente convertidos de Apolo, que não tinham ouvido falar do Espírito. Eles receberam uma experiência que removeu todas as dúvidas, pois eles também falaram em línguas e profetizaram. Atos 19.6.[10]
Esse entendimento de que o livro de Atos dos Apóstolos demonstra que o batismo no Espírito é acompanhado ou evidenciado por sinais exteriores, em que o falar em línguas pode ser visto como um padrão, possui forte fundamentação bíblica e exegética. Em Atos 11.15-17, por exemplo, Pedro recorre à experiência dos gentios na casa de Cornélio, onde o falar em línguas aparece como evidência inconfundível desse batismo pentecostal (At 10.44-46) para convencer os seus colegas da aceitação da fé gentílica. Em Atos 19.1-6, a narrativa lucana mostra que o fenômeno glossolálico entre os cristãos de Éfeso é a evidência de que o Espírito, que eles nem mesmo sabiam que existia, agora está sobre eles.
Myer Pearlman observa que:
Acompanhando o cumprimento desta promessa (Atos 1:8) estavam manifestações sobrenaturais (Atos 2:1-4), a mais importante e comum das quais foi a declaração milagrosa em outras línguas. Que esta declaração sobrenatural foi um acompanhamento do recebimento de poder espiritual, conforme declarado em dois outros casos (At 10.44-46; 19.1-6) e implícito em outro (At 8.14-19).[11] A expectativa de que os apóstolos esperavam a presença de sinais externos por ocasião da recepção do Espírito é claramente mostrada em Atos 8.14-20. Embora não haja menção aqui ao fenômeno do falar em línguas, a presença de sinais externos fez-se presente (At 8.18). Mas que sinais? Muitos intérpretes, incluindo metodistas e reformados, que viveram antes do advento do pentecostalismo, como Adam Clark, Matthew Henry e Jonh Gill, defendiam a glossolalia como sendo esse sinal.[12]
Assim, o teólogo britânico James D. Dunn destacou que:
Neste século a questão [do falar em línguas] ressurgiu de forma mais incisiva no pentecostalismo. Sua resposta foi simples e direta: a glossolalia é o sinal peculiar da presença do Espírito que inicia uma vida de poder apostólico. “Nos tempos apostólicos, falar em línguas era considerado a prova física inicial de que uma pessoa havia recebido o batismo no Espírito Santo… Foi essa determinação que fundou o Movimento Pentecostal do século XX”. A resposta pentecostal é o que motivou nossa pergunta. Em favor da tese pentecostal, deve-se dizer basicamente que sua resposta está enraizada no Novo Testamento mais firmemente do que muitas vezes se pensa. É certamente verdade que Lucas considera a glossolalia do Pentecostes como um sinal exterior do derramamento do Espírito.[13]
“[…] temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus” (At 2.11). O Pentecostes, aqui entendido como o batismo no Espírito Santo, está associado diretamente ao recebimento de poder para testemunhar. Está, portanto, associado ao serviço cristão. Há duas esferas desse serviço cristão que precisamos levar em conta. Uma está relacionada ao testemunho cristão lá fora; outra, com a vida privada do cristão. Têm, portanto, relação com o testemunho público e a vida privada do crente.
NOTA:
[10] HORTON, Stanley. Into All Truth. Springfield: Gospel Publishing, 1955.
[11] PEARLMAN, Myer. Pentecostal Truth. Springfield: Gospel Publishing, 1968.
[12] Cf. CLARK, Adam: “vendo que falavam em diferentes idiomas”, Nuevo Testamento, Tomo III, p. 253); HENRY, Matthew: “nenhum deles havia recebido o dom de línguas, que era então o efeito imediato mais habitual do derramamento do
Espírito”, Acts, vol. 6, p. 81); GIL, Jonh: “ele viu, que com isso, homens começaram a profetizar e a falar em diversas línguas”, Acts, vol. 5, p. 860).
[13] DUNN, James D. G. Jesus e o Espírito: A experiência carismática de Jesus e seus apóstolos (Estudios Teologicos) (edição em espanhol) (p. 369-370). Editora CLIE.
Texto extraído da Revista Ensinador Cristão, edição 101, p.37, editada pela CPAD.