Lição 03 – Uma igreja fiel à pregação do evangelho.
ESBOÇO DA LIÇÃO:
INTRODUÇÃO
I – A IGREJA QUE PREGA AS ESCRITURAS
II – A IGREJA QUE PREGA NO PODER DO ESPÍRITO
III – A IGREJA QUE PREGA A ESPERANÇA VINDOURA
CONCLUSÃO:
Esta lição tem três objetivos que os professores devem buscar atingi-los:
I) Expor a importância da pregação das Escrituras;
II) Demonstrar como o Espírito Santo capacita a igreja a pregar com poder e autoridade;
III) Incentivar os alunos a pregarem uma mensagem de esperança fundamentada na Palavra de Deus.;
Logos e Pneuma na Tradição Pentecostal Clássica:
A forma de expressar e interpretar a experiência religiosa no pentecostalismo parte dos princípios refletidos nas Escrituras como era feito na tradição protestante. Contudo, a Teologia Pentecostal parte do princípio de que as experiências do Espírito relatadas na Bíblia, especialmente no livro de Atos dos Apóstolos, são para todos os crentes em todas as épocas e para todas as gerações. Isso porque, para os pentecostais, o mesmo Espírito envolvido nos eventos e palavras do texto está vivo na Igreja hoje. Jesus, a quem o Espírito ungiu e de quem o Espírito dá testemunho, é “o mesmo ontem, hoje e para sempre”. Os pentecostais, portanto, vivenciam e experienciam o texto bíblico como uma verdade sempre presente, isto é, eles esperam que ela também aconteça da mesma forma que foi vivida no passado. Dessa forma, os pentecostais têm a experiência cristã como uma verdade sempre viva.
1.O lugar da experiência na pregação pentecostal:
O pentecostalismo é conhecido pelo lugar que a experiência ocupa na expressão da sua fé. Nesse aspecto, os antigos pentecostais preferiam o testemunho pessoal em vez da reflexão crítica. Esse fato fez com que alguns teólogos afirmassem que o pentecostalismo fosse mais oral do que conceitual. Isso se dava por conta que, nos primeiros estágios do movimento, os pentecostais não se preocupavam com a forma acadêmica na expressão da sua fé. Isso, contudo, não significa dizer que os
pentecostais fossem negligentes quanto ao rigor exegético na análise do texto bíblico, nem tampouco que eles não possuíam metodologia teológica alguma. Os pentecostais recusavam-se a aceitar a ler as Escrituras com os óculos do racionalismo e do liberalismo teológico.
2. A pregação pentecostal e a atualidade do texto bíblico:
William W. Menzies destacou que:
É significativo que o reavivamento pentecostal tenha começado entre os cristãos que estavam estudando a Bíblia. O anseio pela verdade não meramente uma busca de experiência, estimulava esses primeiros crentes que buscavam. Quando se indaga por que o reavivamento pentecostal moderno sobreviveu enquanto movimentos anteriores não sobreviveram, é provável que a resposta mais simples e mais importante esteja no compromisso com a autoridade da Bíblia para governar toda crença, experiência e prática.[11]
No passado, os pentecostais priorizaram a teologia bíblica em vez da teologia sistemática: “A vantagem dessa preferência por uma teologia bíblica reside na possibilidade de uma nova abordagem a certas doutrinas que, durante séculos, foram excessivamente sobrecarregadas por preocupações dogmáticas”.[12] Isso, todavia, não significa dizer que os pentecostais rejeitam o estudo sistemático das doutrinas bíblicas. Ainda assim, a sistematização da teologia, embora apresente as suas vantagens, historicamente tem revelado também as suas deficiências. Isso pode ser visto, por exemplo, na questão pneumatológica. Historicamente, a pneumatologia tem sido estudada dentro da tradição cristã, tanto católica como protestante, como um simples adendo. Nesse aspecto, a pneumatologia é vista como uma serva ou coadjuvante de outras questões teológicas que são consideradas muito mais relevantes. O pentecostalismo rompe com esse entendimento
3.A pregação pentecostal em oposição ao racionalismo e fundamentalismo:
Assim, os pentecostais herdaram uma espécie de “biblicismo”, no sentido de acreditarem que eram capazes de entrar e viver no mundo da Bíblia por meio do ministério do Espírito “sem a necessidade de engajarem-se conscientemente nas dificuldades hermenêuticas de ler o texto bíblico antigo”.13 Esse apego à experiência criou um abismo entre os pentecostais e os fundamentalistas que seguiam o raciona-lismo do século XIX e que estavam preocupados com a objetividade do texto bíblico. Em outras palavras, os pentecostais, ao contrário dos fundamentalistas, não se valiam de métodos objetivos de cunho racionalista na sua tarefa interpretativa. Os pentecostais partiam do princípio de que a autoridade da Bíblia não dependia de método científico — como pensavam os que seguiam o paradigma da modernidade, como os fundamentalistas e liberais —, mas da experiência do Espírito no contexto das Escrituras. Dessa forma, é possível dizer que o culto transformava-se no principal palco da reflexão teológica, pois era nele que o Espírito agia na comunidade da fé.
NOTA
[11] MENZIES, William W. No Poder do Espírito: fundamentos da experiência pentecostal. São Paulo: Vida, 2002.
[12] BURGESS, Stanley. The New International Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements. Grand Rapids: Zondervan, 2002, p. 1121.
Texto extraído da obra A Igreja em Jerusalém, editada pela CPAD.