Lição 06 – Justicados pela Fé em Jesus Cristo.
Prezado(a) professor(a), a paz do Senhor!
Chegamos à lição seis e, durante esta aula, trataremos da doutrina da Justificação pela fé em Jesus Cristo. A defesa desse ensinamento passou a ser necessária aos irmãos gálatas porque eles começaram a trocar essa doutrina bíblica por outra forma de pensamento. Com isso, a fé estava sendo substituída pelo esforço humano, desvirtuando tudo o que Paulo já havia ensinado até aquele momento. Da mesma forma, é fundamental que conheçamos, com bases bíblicas sólidas, essa tão importante doutrina.
Para ajudá-lo(a) a se aprofundar um pouco mais a respeito do quanto a justificação é importante, trazemos um trecho extraído do livro do trimestre cujo conteúdo também é de autoria do pastor Alexandre Coelho.
Deus iria justificar os gentios pela fé:
“Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão” (Gl 3.6-9).
Deus escolhe a fé, e não as obras, para justificar uma pessoa. As obras dependem do potencial e da vontade de cada pessoa, e como cada pessoa não tem as mesmas condições que outra, surge uma injustiça, pois um poderia fazer mais obras, e outro, por sua vez, não. Como se fosse pouco, as obras tendem a fazer-nos orgulhosos de nossas próprias capacidades, e isso desagrada a Deus.
Na sua sabedoria, “Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia” (Rm 11.21). Na misericórdia, não há mérito de quem erra, mas, sim, mérito de quem exerce a misericórdia. Na graça, recebemos o que não merecemos; na misericórdia, não recebemos o que merecemos. A justificação dos gentios não viria pelas obras, e sim pela fé.
Ladd comenta o quão importante é a justificação:
A importância da justificação, no pensamento teológico de Paulo, tem sido debatida. Enquanto Paulo usou o verbo “perdoar” (aphièmi) apenas uma vez (Rom. 4:7), o substantivo (aphesis) duas vezes (Ef. 1:7; Col. 1:14) e um outro verbo “perdoar” (charizomai) duas vezes (Ef. 4:32; Col. 2:13), ele usou o verbo “justificar” (dikaioõ) quatorze vezes e justiça (dikaiõsunè) cinquenta e duas vezes.1 É contudo, fato que estes termos estão concentrados em Romanos e Gálatas. Portanto, o verbo “justificar” é encontrado fora de Gálatas e Romanos apenas em I Coríntios 6:11 e em Tito 3:7.
Este fato tem levado muitos estudiosos à conclusão de que a doutrina da justificação não era, de modo algum, central, no pensamento teológico de Paulo, mas apenas uma polêmica, que ele criou com o propósito de lidar com a controvérsia judaizante. Ele nunca teria formulado a doutrina da justificação pela fé fora das obras da Lei, se não tivesse sido requisitado a responder aos judaizantes, que insistiam que os gentios tinham que guardar a Lei, para serem salvos. “De fato, toda a religião paulina pode ser exposta sem que nenhuma palavra seja dita a respeito da doutrina, a não ser que seja numa parte dedicada à Lei.”
A palavra grega “justificar” é dikaioò. O substantivo dikaiósunê pode ser traduzido pela palavra “justificação” (Gál. 2:21), mas geralmente é traduzido como “justiça”. O adjetivo dikaios pode ser traduzido ou como “justo” ou como “justificado”. Alguns estudiosos, especialmente na tradição católica, têm insistido que o significado de dikaioò é “transformar em justo” e dikaiósunê designa a qualidade ética da justiça.10 No entanto, a maioria dos estudiosos contemporâneos entende que a justificação contém uma relação, em vez de uma qualidade ética, e o significado distintivo paulino é “estar certo com Deus”.
O fundamento da doutrina paulina é o Velho Testamento. A justiça (tsedeq, tsedoqa), no Velho Testamento, não é basicamente uma qualidade ética. O significado básico da palavra é “a norma, nas questões do mundo, à qual os homens e as coisas têm que se conformar, e pela qual podem ser medidos”.11 O homem justo (tsaddig) é o homem que vive de acordo com a norma dada. O verbo “ser justo” (tsadaq) quer dizer viver de acordo com a norma dada, e, em certas formas, especialmente no “hiphil”, significa “declarar justo” ou “justificar”.
A ideia de justiça é, com frequência, entendida em contexto forense: o homem justo é aquele que o juiz declara estar livre de culpa. É obrigação do juiz absolver o inocente e condenar o culpado (Deut. 25:1; ver também I Reis 8:32). Deus é muitas vezes retratado como o juiz dos homens (Sal. 9:4; 33:5; Jer. 11:20). O verbo aparece quase que exclusivamente no sentido forense. É justo quem é julgado estar em justiça (Êx. 23:7; Deut. 25:1), i. é, aquele que no juízo, pela absolvição, permanece em um relacionamento justo para com o juiz. O homem injusto é aquele que é condenado. (LADD, 2000, p. 409, 411)
Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo: Vivendo o Verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.
Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Verônica Araujo