Lição 09 – Filhos de Deus e descendência de Abraão.
Prezado(a) Professor(a), a paz do Senhor!
Com a graça de Deus, chegamos à lição nove e, durante esta aula, trataremos a respeito da nossa posição como filhos de Deus e descendência de Abraão.
Para ajudá-lo(a) a se aprofundar um pouco mais no assunto de “O filho da carne e o filho da promessa” exposto na Epístola de Paulo aos Gálatas, apresentado na lição, trazemos um trecho extraído do livro do trimestre cujo conteúdo também é de autoria do pastor Alexandre Coelho.
O FILHO DA CARNE E O FILHO DA PROMESSA
1. A carne e seu filho:
“O que se entende por alegoria; porque estes são os dois concertos: um, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar. Ora, esta Agar é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus filhos” (Gl 4.24,25). A comparação que Paulo faz com referência a Ismael, o primeiro filho de Abraão, é o resultado não da fé ou da promessa, mas, sim, um arranjo de uma decisão baseada num pensamento humano diante da impaciência. Tal ideia partiu de Sara, que seguiu um costume da sua época, em que uma escrava poderia dar um filho ao seu senhor. Ninguém pode negar que Ismael foi filho de Abraão. Ismael, entretanto, representa um arranjo humano, uma forma de antecipar a realização da promessa de Deus.
Sempre teremos dificuldades quando tentarmos ajudar o Senhor Deus a cumprir o que nos foi prometido de bom grado por Ele. Agar, grávida, desprezou Sara; depois, Sara ordenou que Agar fosse embora do convívio que havia. Ambas se irritaram e competiram, e Abraão estava nesse fogo cruzado. Uma criança nasceu, mas não segundo a vontade de Deus. Paulo vai, por analogia, dizer que Ismael é o filho gerado pela carne. Ele não faz essa declaração com desprezo por Ismael ou Agar, pois o seu objetivo é exemplificar aos gálatas a diferença entre confiar na carne e confiar na promessa de Deus.
2. A promessa e seu filho:
Isaque foi chamado de “filho da promessa”: “Mas a Jerusalém que é de cima é livre, a qual é mãe de todos nós; porque está escrito: Alegra-te, estéril, que não dás à luz, esforça-te e clama, tu que não estás de parto; porque os filhos da solitária são mais do que os da que tem marido. Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa, como Isaque” (Gl 4.26-28). Apesar da incapacidade de Abraão e Sara experimentarem a paternidade e a maternidade durante décadas, o Senhor havia-lhes feito uma promessa. Abraão seria pai de uma multidão de pessoas, e Sara, a mãe. Sara planejou que Abraão tomasse uma escrava para ser mãe; ainda assim, o Senhor não retirou o que havia dito também a ela, pois a sua fidelidade é inquestionável. Ismael podia ser o mais velho biologicamente, mas ele não estava vinculado à promessa de Deus. Isaque foi dado a Abraão e a Sara como garantia de que o Senhor sempre cumpre o que promete. Os crentes, portanto, seriam associados à descendência de Isaque, e não à de Ismael.
Paulo agora demonstra que o evangelho da “graça para com a estéril” não surge apenas de sua proposta de leitura figurada da história de Agar e Sara; trata-se do evangelho que permeia as Escrituras do Antigo Testamento. Por isso, ele cita Isaías 54.1 no versículo 27: “Os filhos da abandonada são mais numerosos do que os da que tem marido”. No contexto original, essa palavra profética fora dirigida aos exilados judeus na Babilônia, por volta de 1200 anos após a época de Abraão e 600 anos antes da de Paulo. Os israelitas remanescentes achavam que sua vida como nação chegara ao fim, que jamais voltariam para casa nem teriam um país próprio outra vez. Pareciam fracassados, frágeis e impotentes (o Exílio era um castigo), enquanto outras nações pareciam fortes e hábeis. Mas Deus lhes diz por intermédio de Isaías: Agora que vocês estão impotentes, verão que é na vida dos fracos que minha graça opera! O forte vive ocupado demais confiando em si mesmo. Tornarei vocês numerosos e grandes.
A profecia de Isaías se reporta a Gênesis 16, quando Deus olha para duas mulheres, uma bela e fértil, a outra estéril e velha, e escolhe salvar o mundo através da estéril. Por intermédio da família dessa mulher chegaria outro filho improvável, nascido de outra mulher sem expectativa nenhuma de engravidar. Não porque fosse estéril, mas porque era virgem. Através desse Filho, todos os povos do mundo seriam abençoados, como Deus prometera a Abraão e Sara. Assim opera a graça de Deus.
Agora Paulo toma a mesma história que Isaías usou e lhe dá uma aplicação ainda mais completa e maravilhosa. Os gálatas estão sendo “massacrados”, falando no sentido espiritual, pelos falsos mestres. Todos lhes dizem que estão contaminados demais e que se equivocam considerando-se filhos amados de Deus a partir do momento em que creram. No entanto, Paulo vira o jogo e consola os gálatas de maneira poderosa. Eles são a “mulher estéril. Se a salvação é pelas obras, então só a “fértil” pode ter filhos; só os moralmente aptos e fortes, as pessoas de boa família, os que têm uma ficha limpa têm condições de ser espiritualmente frutíferos, usufruir do amor e alegria de Deus e transformar a vida de outros.
Se o evangelho é verdadeiro, não importa quem você é ou foi. Você pode ser um pária espiritual e moral, tão à margem de tudo quanto a mulher solteira e estéril na antiguidade. Não interessa. Você dará fruto, do tipo que permanece. O evangelho diz: Graça não é só para as férteis como Agar, mas para as Saras estéreis. Se existe futuro para Sara, existe para qualquer um! (KELLER, 2015, p. 130, 131)
3. O escravo persegue o livre:
A Palavra de Deus diz que, no momento da cerimônia em que Isaque, o filho da promessa, foi desmamado, Ismael zombou dele: “Mas, como, então, aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é também, agora” (Gl 4.29; cf. Gn 21.8,9). Da mesma forma como Agar, quando estava grávida, zombou de Sara, Ismael fez com Isaque. Aqui temos duas lições. A primeira é a do exemplo: crianças aprendem com o que veem dos pais em casa. Elas simplesmente reproduzem o que veem os pais fazendo, mesmo que não entendam completamente o que estão fazendo. A segunda lição é a de que quem tem liberdade dentro de casa pode ser perseguido por quem não a tem. Foi o que aconteceu com os gálatas. Nasceram livres, mas estavam sendo colocados debaixo de servidão pelo discurso dos judaizantes. A cena ocorrida séculos antes se repetia.
Os judaizantes também tinham ouvido o evangelho primeiro, mas, por prenderem-se a aspectos da Lei Mosaica, esqueciam-se do seu verdadeiro Messias, Jesus, e colocavam-se sob a escravidão mais uma vez e, agora, estavam induzindo os gentios nesse mesmo caminho.
Os judaizantes, que ainda estavam debaixo da Lei e insistiam em estar nessa posição, perseguiam os gálatas com uma doutrina que os estava colocando debaixo de servidão. Eles não eram livres e não queriam que outros o fossem. Os filhos “da carne” de Abraão perseguiam os filhos da promessa.
Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo: Vivendo o Verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.
Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Verônica Araujo