Lição 12 – O que você semear você seifará
Prezado(a) Professor(a), a paz do Senhor!
Com a graça de Deus, chegamos à penúltima lição do trimestre e, durante esta aula, trataremos a respeito da questão da semeadura. Ora, sabemos que colhemos aquilo que semeamos. Não há como semear abóbora e colher melancia, bem como não há condição alguma de semear más ações e colher bons resultados. Com este ensinamento, o propósito do apóstolo era tratar da forma como a verdadeira liberdade cristã pode ser vivenciada na comunhão dos santos.
“Surpresas fazem parte da vida. Boas ou ruins, não deixam de chegar até nós por meio de notícias ou de pessoas. Seja um presente esperado, seja uma notícia desagradável, sempre conviveremos com a possibilidade de sermos surpreendidos de alguma forma. Assim como um estudante que faz os seus resumos e percebe que não foram adequados para avaliação que seria feita, é possível que sejamos surpreendidos por uma situação desagradável; mas também é possível sermos surpreendidos com uma nota alta numa prova em que acreditávamos ter tido um baixo desempenho.
A igreja aos gálatas certamente tinha a sua cota de pessoas tementes a Deus e que tinham em algum momento deixado a desejar no seu comportamento, sendo surpreendidas em alguma falta. Outra questão eram os mestres que ensinavam e que precisavam ser mantidos pela congregação, como também tinha membros que precisavam ser lembrados de que o que semeavam seria colhido em abundância.
Esses temas centrais deste capítulo são divididos assim:
COMO TRATAR DOS PECADOS DOS IRMÃOS
LEVAI AS CARGAS UNS DOS OUTROS
COLHENDO O QUE SE PLANTA”
Para ajudá-lo(a) a se aprofundar um pouco mais no assunto de “Como tratar dos pecados dos irmãos” exposto na Epístola de Paulo aos Gálatas, apresentado na lição, trazemos um trecho extraído do livro do trimestre cujo conteúdo também é de autoria do pastor Alexandre Coelho.
I – COMO TRATAR DOS PECADOS DOS IRMÃOS
1. A possibilidade de se cometer um pecado
É possível que um irmão na fé seja surpreendido praticando algo que desagrada a Deus. Vivendo em um mundo que continuamente se esforça para despertar a natureza pecaminosa em cada um de nós, não devemos ficar surpresos quando um pecado é cometido por alguém que é identificado como um servo de Deus.
Temos, nesse caso, uma dupla possibilidade para esse tipo de acontecimento: uma pessoa que circula entre os santos e peca deliberadamente e uma pessoa santa que se vê envolta num tipo de acontecimento que pode trazer vergonha para ela e para a congregação. Gálatas 6.1 mostra-nos a perspectiva de Paulo para com esse segundo caso.
A descrição feita por ele parece não se referir a uma pessoa que vive pecando, que tem uma vida de desobediência a Deus. O caso em tela é o de um servo ou serva de Deus que cometeu algo de forma inesperada, ou não premeditada. Não estava nos seus planos cometer um pecado, mas, uma vez que isso aconteceu, como a igreja deveria lidar com ele? Promovendo um processo de restauração.
A palavra restaurar, no grego, é katartizo, que traz a ideia de colocar no lugar um osso que havia saído do lugar. É certo que fazer isso não é simples, e tal procedimento costumava causar bastante dor no mundo antigo, mas era necessário para a restauração do corpo.
Mesmo como cristãos, nascidos de novo e buscando estar sujeitos às orientações do Espírito, precisamos de ajuda uns dos outros em alguns momentos. A restauração de um irmão que pecou começa na Casa de Deus, na comunhão dos santos, e não no mundo. Em algumas situações, uma admoestação pode ser suficiente, mas, em outras, a disciplina deve ser aplicada. É certo que há casos em que a disciplina na igreja deve existir, e ela é necessária, mas deve ter um caráter terapêutico. Se uma parte de nosso corpo sofre um ferimento, tratamos dele, mas há casos em que um membro do corpo está tão infeccionado que precisa ser retirado para que o corpo todo não se perca, pois não está respondendo aos tratamentos que lhe estão sendo administrados.
2. O que define uma pessoa espiritual?
“Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão”
(Gl 6.1). É normal que a espiritualidade seja um tema discutido em nossos dias. A ciência colocou-se há décadas contra Deus, alegando que traria todas as respostas para a humanidade e faria com que a vida fosse melhor e mais amena. Após duas guerras mundiais, as pessoas decidiram que a fé na ciência não conseguiu responder às questões da vida e, então, decidiram relativizar a espiritualidade. Afastando-se da Bíblia e do Deus verdadeiro, criaram os seus deuses com fragmentos de outras divindades e pensamentos filosóficos.
As pessoas buscam algo que lhes conecte com Deus ou, então, com alguma outra divindade. Elas buscam reverenciar algo ou alguém que as oriente, que lhes dê um senso de direção e um propósito de vida; misturam ideias orientais com trechos da Bíblia, bruxaria e cultos à natureza e reverenciam Jesus como um grande homem, colocando-o
no mesmo panteão com Buda ou Krishna numa nova era religiosa, sem exclusivismos ou declarações absolutas que indiquem que só um único caminho pode levar o ser humano a Deus. Na prática, com outra roupagem, a humanidade volta a fazer os seus próprios deuses. Quanto mais parecido com o ser humano confuso, melhor é aquela divindade.
Ryken diz que
Uma das coisas curiosas sobre esse novo fascínio com a vida espiritual é que muitas pessoas querem se tornar espirituais sem se tornarem religiosas. Para elas, a espiritualidade é algo privado e espontâneo, enquanto a religião é pública e rígida. A razão pela qual a espiritualidade está em alta é porque as pessoas podem fazer dela o que quiserem. De acordo com o sociólogo Robert Wuthnow, “um número cada vez maior de americanos compõe a sua fé́ como uma manta de retalhos. A espiritualidade tornou-se uma busca amplamente complexa, à qual cada pessoa se lança a seu próprio modo”.
Infelizmente, o mesmo pode ser dito da igreja, onde há́ confusão generalizada sobre o significado da espiritualidade verdadeira. Alguns cristãos encontram sua espiritualidade em atos de devoção privada. Ter um tempo de silêncio, jejuar e ir ao templo são os atos básicos da vida espiritual. O caminho para se tornar mais espiritual é encontrar um dirigente espiritual e começar a praticar as disciplinas espirituais.
Para outros, a vida espiritual começa na igreja, no contexto do culto público. A espiritualidade verdadeira resulta de recitar uma liturgia antiga, acender velas e balançar o incenso. Ou é resultado de tocar a música certa no instrumento correto, ou de não usar instrumento algum. (RYKEN, 2019, p. 329)
Paulo, neste capítulo, fala de uma espiritualidade voltada às pessoas que já encontraram o caminho para Deus mediante Jesus Cristo. Os gálatas já haviam recebido o evangelho e, apesar de confundirem-se com o discurso judaizante, precisavam ser reorientados até mesmo na forma como tratavam uns aos outros quando um deles pecava. A espiritualidade esperada por Deus passa não somente por crer nEle, mas também por tratar da forma correta os irmãos que pecaram.
Um espírito de mansidão é apresentado por Paulo nessa Carta como um sinal de espiritualidade. É provável que esse conselho tenha mais importância em nossos dias, onde os meios de comunicação e as redes sociais tornaram-se um campo fértil para que pessoas apregoem uma espiritualidade movida à base de números de seguidores e de polêmicas, onde profetas com a unção digital expõem as falhas de pessoas e desnudam a Igreja de Cristo.
Há irmãos nossos que amam a Jesus, mas veem-se envolvidos em um pecado e que precisam passar por um processo de restauração tanto da parte do Espírito quanto do povo
de Deus. Observe que o Senhor não ordena ao mundo que este ajude um crente que pecou. Ele ordena que os que são espirituais — ou seja, a Igreja — ajudem esses irmãos que caíram. Pessoas livres em Cristo valorizam tanto a liberdade que cuidam para que os seus irmãos não só recebam os cuidados necessários se pecarem, como também buscam restaurar à comunhão aquele que se arrependeu do seu pecado.
Ser espiritual significa, antes de tudo, restaurar uns aos outros do pecado: “Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais, deverão restaurá-lo com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado” (Gl 6.1 – NVI). Cada palavra neste versículo é significativa. A palavra “irmãos” é um lembrete de que a igreja é a família de Deus. Somos filhos e filhas do Deus Altíssimo, adotados por meio da fé em seu Filho.
Todavia, o fato de sermos irmãos e irmãs em Cristo não nos impede de pecar. Como vimos, a carne luta contra o Espirito. Assim, há momentos em que a natureza pecaminosa nos tira do ritmo, em que um passo em falso nos impede de andar com o Espírito. Há momentos em que, por conta da fraqueza, um cristão acaba “surpreendido em transgressão”. Esta frase pode se referir a uma pessoa que é pega no ato, como a mulher que “foi surpreendida em ato de adultério” (Jo 8.4 – NVI). Ou talvez o pecador flagre a si mesmo no ato. A tentação tem seu modo peculiar de se aproximar sorrateiramente, nos pegando desprevenidos. A triste realidade é que, às vezes, os cristãos são surpreendidos pelo pecado; na verdade, há tantos pecadores na igreja como em qualquer outro lugar. (RYKEN, 2019, p. 330)
3. Todos podemos ser tentados
Ninguém está imune à tentação. Por isso, Paulo não só orienta os que são espirituais na igreja a cuidarem de quem cometeu um pecado, como também a cuidarem de si mesmos: “[…] olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado” (6.1). Não basta perceber quando um irmão falha, ou o encaminhar com espírito de mansidão; é preciso que estejamos atentos e vigilantes para não cairmos no pecado. Se mesmo o Senhor Jesus, cheio do Espírito e tendo recebido do Pai a confirmação audível de que era o Filho de Deus, foi tentado por Satanás após ter jejuado, creia que podemos ser tentados em diversas áreas.
Não se pode negar que o pecado tem uma força destruidora e que não estamos livres de, em algum momento, deixarmo-nos levar pela antiga natureza e, assim, pecarmos contra Deus. É atribuído a Lutero o dito de que a oração, a meditação e a tentação são elementos na vida dos salvos em Cristo. Na oração, aproximamo-nos de Deus; na meditação, refletimos sobre nossos atos e no que Deus faz; já na tentação, somos lembrados de nossas fraquezas.
O pecado domina a vida dos não salvos e tenta demover os santos da posição que o Eterno confiou a eles, e é por isso que ele deve ser combatido e resistido. Irmãos em Cristo corrigem uns aos outros, e a igreja espiritual incentiva que os espirituais possam corrigir os seus irmãos que falham. Da mesma forma como um medicamento busca tratar uma pessoa doente, somos chamados a tratar com nossos irmãos que pecaram e demonstram arrependimento e vontade de trilhar novamente o caminho da comunhão com Deus e a igreja.
Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo: Vivendo o Verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.
Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!