Lição 2 – O corpo — A maravilhosa obra da criação de Deus
ESBOÇO DA LIÇÃO:
INTRODUÇÃO:
I – A MARAVILHOSA OBRA DE DEUS
II – O CORPO E A GLÓRIA DE DEUS
III – O CORPO E A COLETIVIDADE
CONCLUSÃO:
Esta lição tem três objetivos que os professores devem buscar atingi-los:
I) Conduzir os alunos a reconhecerem que o corpo humano é uma criação maravilhosa de Deus, formada com propósito, sabedoria e amor;
II) Conscientizar os alunos sobre a importância de glorificar a Deus com o corpo, evitando extremos como o desprezo do corpo e sua idolatria;
III) Incentivar os alunos a compreenderem o papel do corpo nas relações interpessoais, na vida congregacional e no culto a Deus.
O perigo dos extremos:
É muito comum ao ser humano a busca de extremos, inclusive em relação ao corpo. Vai-se do desprezo ao culto. Reconhecer-se como obra de Deus, criado à sua imagem, evita que isso aconteça. Essa compreensão leva-nos a valorizar nosso ser na sua integralidade, incluindo o corpo. Povos antigos, que eram politeístas e, portanto, não criam no Deus de Israel, que fez o homem, admitiam facilmente a oferta de sacrifícios humanos aos seus deuses, além de praticarem o escravismo às escâncaras.
No ambiente religioso dos primeiros séculos da Igreja, havia a influência de filosofias e heresias que depreciavam o corpo humano por considerarem a matéria intrinsecamente má, dentre as quais o platonismo, o gnosticismo e o maniqueísmo. Os gnósticos refletiam o dualismo platônico, que fazia uma clara distinção entre “o espírito bom e a matéria má” e pregavam que a salvação seria alcançada principalmente por atos ascéticos de negação dos desejos do corpo material e mau e por uma gnose especial ou conhecimento acessível somente a uma elite entre os cristãos (CAIRNS, 2008, p. 59). O maniqueísmo, fundado por Mani ou Maniqueu (216–277 d.C.), tinha alguns pontos semelhantes com o gnosticismo por comungar de uma visão dualista. Ele pregava que a alma do homem ligava-o ao reino da luz, enquanto o seu corpo levava-o a ser escravo do reino das trevas. Para Mani e os seus adeptos, a salvação compreendia a libertação da alma, que estava escravizada à matéria do corpo (ibid., p. 85).
Observa-se quanto esses pensamentos filosófico-religiosos depreciavam o corpo e terminaram influenciando a fé cristã (principalmente no período medieval, quando o ascetismo teve grande crescimento, marcadamente com o surgimento do movimento monástico). Cairns, assim como outros estudiosos, consideram que foi essa visão dualista que levou a Igreja Católica a instituir o celibato, já que se exaltava a tal ponto a vida ascética que se considerava o instinto sexual um mal e enfatizava-se a superioridade do estado civil de solteiro. Earle Cairns assinala que o próprio Agostinho foi discípulo dos maniqueístas durante 12 anos (ibid.). De outro lado, havia o culto ao belo, como na Grécia Antiga, em que a beleza era considerada um dom divino, em constante exaltação pública.
O desequilíbrio permanece. Vícios, automutilações e outras atitudes extravagantes, como piercings, escarificações e tatuagens, deformam e desonram o corpo (Lv 19.28; Pv 23.29-35; 1 Ts 4.4). Por outro lado, há o narcisismo moderno, marcado pela supervalorização do corpo em detrimento da alma e do espírito. A idolatria do “eu” leva à prática excessiva de selfies, publicações de si mesmo em redes sociais, cuidados estéticos, cosméticos e físicos (2 Tm 3.2; 1 Pe 3.3-5). Embora cuidar do corpo seja necessário, principalmente em tempos de uma vida tão sedentária, assiste-se a um crescimento exacerbado de espaços dedicados a essa prática (como as academias), sempre bem espelhadas e com ampla reprodução de imagens nas redes sociais. Em um mundo de tantos excessos, o cristão deve observar todas as coisas — não apenas se são lícitas, mas também se são convenientes — e ser equilibrado em tudo (1 Co 6.12).
Texto extraído da obra Corpo, Alma e Espírito, editada pela CPAD.