Lição 3 – O corpo e as consequências do pecado
ESBOÇO DA LIÇÃO:
INTRODUÇÃO:
I – DA PERFEIÇÃO À MORTE
II – A RESPONSABILIDADE HUMANA
III – DO ABATIMENTO À GLORIFICAÇÃO
CONCLUSÃO:
Esta lição tem três objetivos que os professores devem buscar atingi-los:
I) Analisar como o ser humano foi criado em perfeição, e de que forma o pecado trouxe sofrimento;
II) Explicar que, apesar das consequências do pecado, o ser humano continua responsável por suas escolhas;
III) Refletir sobre as limitações físicas e as enfermidades como realidade pós-queda, mantendo a esperança na glorificação do corpo.
1. Corpo e livre-arbítrio:
A mordomia do corpo faz parte da responsabilidade pessoal de cada ser humano, a despeito das paixões da natureza pecaminosa herdada de Adão. Conforme enfatiza a Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil, o pecado original desfigurou a imagem de Deus no homem, mas não a aniquilou (Gn 9.6; Tg 3.9) (2025, p. 99). O homem passou a conhecer não somente o bem, mas também o mal, como consequência de sua infeliz e grave decisão no Éden (Gn 3.22). Mas apesar de todo o ser humano nascer com tendência ou inclinação para o pecado, continua dotado de livre-arbítrio. Por isso, a Queda não serve como justificativa para qualquer atitude de degradação do corpo. Cabe ao homem decidir como usá-lo, para o bem ou para o mal. Isso está explícito na afirmação de Deus a Caim (Gn 4.7).
Esse entendimento bíblico é fundamental para que não cedamos ao perverso pensamento de que o homem está liberado para seguir os desejos do seu coração, possuindo o corpo para os seus mais distintos e exóticos prazeres, e não para a glória do Criador, conforme o propósito por Ele estabelecido, a começar pelo casamento heterossexual e a procriação (Gn 1.27,28). A base do comportamento humano de negação dessa realidade bíblica é o entendimento de que o que deve prevalecer não é o sexo biológico, mas os sentimentos de cada pessoa. A partir disso, há um universo cada vez mais amplo e complexo de teorias e classificações de “gênero”, abarcando inúmeras categorias de pessoas: gênero-queer (pessoas que não se consideram nem masculinas nem femininas), bigênero, pangênero, gênero fluído e muitas outras, incluídas no termo principal, transgênero, que passou a ser usado como um guarda-chuvas para essa variedade de categorias de “gêneros” (PEARCEY, 2022, p. 198).3
Essa questão de “gênero” domina cada vez mais o debate público e insere-se nas estruturas governamentais e não governamentais, enquanto intensificam-se as pesquisas científicas em busca de uma suposta causa genética para essas disfunções corporais. Mas, como acentua Pearcey (ibid., p. 31), “apesar das pesquisas intensivas, os cientistas não conseguiram evidências claras de uma causa genética”. Muitas pessoas acreditam estar presas no “corpo errado”.4 O apóstolo Paulo classificou como “concupiscências do coração”, “imundícia”, “paixões infames” e “torpeza” essas alterações do uso natural do corpo (Rm 1.24-27). As Escrituras advertem-nos de que devemos possuir nosso corpo em santificação e honra, o que inclui a observância da pureza inclusive no leito conjugal (1 Ts 4.4-6; Hb 13.4). Quanto aos que vivem presos às paixões carnais, nosso sentimento deve ser de compaixão, jamais de gracejos ou ultrajes. Pelo contrário! Devemos rogar ao Senhor, com sinceridade de alma, que opere neles uma profunda libertação, pois nada é impossível para Deus.
2. A potencialização do sofrimento:
Na esfera da sua responsabilidade, o homem faz com que, além das consequências naturais decorrentes do pecado original, o corpo também sofra impactos das transgressões que pratica ao longo da vida, inclusive contra a sua própria matéria (Lm 3.39; Rm 1.24; 1 Co 6.18). Isso faz com que, ao mal natural, que é a desordem e decadência do Universo (calamidades naturais, algumas doenças etc.) seja somado o mal moral, que é a iniquidade cometida por criaturas dotadas de vontade, conforme assinala Bruce R. Marino (1996, p. 279). Essa potencialização do sofrimento decorre das obras da carne, listadas por Paulo em Gálatas 5.19-21. É a manifestação do espírito de inimizade contra Deus, que Satanás, a antiga serpente, instilou no coração humano ainda no Éden (Gn 3.1-6; Tg 4.1-4; Ap 12.9).
Esse quadro de corrupção foi observado logo nas primeiras gerações e somente se agrava ao longo dos tempos (Gn 6.1-5; Mt 24.12,37; 2 Tm 3.13).
As drogas têm sido um dos instrumentos de profunda degradação do corpo. O mais recente relatório mundial sobre drogas divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas), de junho de 2024, expõe o agravamento do problema. Há um surgimento cada vez mais crescente de substâncias entorpecentes ilícitas, provocado por um crescimento do número de dependentes dessas drogas. O resultado é o aumento de transtornos mentais e outros danos à saúde, além de agravar o problema da segurança pública, sem contar a multiplicação dos dramas pessoais e familiares. O relatório aponta que, no ano de 2022, mais de 292 milhões de pessoas usaram drogas, um aumento de 20% em relação à década anterior.5 Os perigos na área da sexualidade também crescem, seja entre adultos, sejam entre crianças e adolescentes — estes, os mais vulneráveis.
Texto extraído da obra Corpo, Alma e Espírito, editada pela CPAD.