Lição 6 – A consciência — o tribunal interior
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – ANTES E DEPOIS DA QUEDA
II – O FUNCIONAMENTO DA CONSCIÊNCIA
III – A CONSCIÊNCIA É FALÍVEL
CONCLUSÃO:
Esta lição tem três objetivos que os professores devem buscar atingi-los:
I ) Mostrar aos alunos a origem da consciência humana como um senso moral dado por Deus, reconhecendo seu papel antes e depois da Queda;
II) Ensinar que a consciência atua como um tribunal interior, capaz de acusar ou defender, incentivando o autoexame constante;
III) Alertar os alunos para as falhas e deformações que a consciência pode sofrer quando não é orientada pela verdade bíblica.
Defeitos da consciência:
Como tudo o mais que há no ser humano, a consciência também foi afetada pela Queda, principalmente pela confusão de juízos e sentimentos que o homem passou a criar por sua própria conta, fruto do seu imaginativo e maldoso coração: “E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente” (Gn 6.5). Apesar de ainda funcionar, a consciência humana passou a apresentar defeitos. E isso pode agravar-se conforme a possuímos, principalmente se ignorarmos o seu funcionamento, tentando manipulá-la. A Bíblia menciona consciências defeituosas.
A consciência cauterizada é aquela que se mostra insensível ao pecado; que perde a sensibilidade para as coisas boas e corretas; significa a neutralização de todo sentimento humano que qualquer criatura possui; a perda da capacidade de distinguir entre o certo e errado, entre o que é puro e o que é impuro, o profano e o sacro (Ef 4.19; 1 Tm 4.2): “A cauterização da consciência pode acontecer mediante a persistência numa atitude de desobediência e a recusa em dar ouvidos à sua voz (da consciência)” (Cabral, p. 111). A consciência fraca não é orientada corretamente pela verdade, tornando-se legalista (1 Co 8.7-12). É imatura, hipersensível e vulnerável. É típica do cristão que facilmente se escandaliza e chega a abandonar a fé. O crente de consciência fraca vive preocupado com exterioridades terrenas e temporais em detrimento das coisas mais sublimes e eternas, não conseguindo avaliar a sua vida pela Palavra de Deus, porque está sempre preocupado com os outros cristãos e com o que eles fazem (p. 113).
Cabral ainda aborda a consciência contaminada ou corrompida (Tt 1.15), que é “contagiada” por agentes externos, como um vírus contagia o corpo e pode torná-lo doente. É a fraqueza da consciência que a faz corromper-se, como escreveu Paulo: “Mas nem em todos há conhecimento; porque alguns até agora comem, no seu costume para com o ídolo, coisas sacrificadas ao ídolo; e a sua consciência, sendo fraca, fica contaminada” (1 Co 8.7). Para que não haja contaminação, o cristão deve abster-se de tudo o que seja pecaminoso ou que tenha dúvida acerca da sua licitude ou conveniência. O ensino de Paulo é bastante elevado, porque chega a tratar da irrelevância espiritual de comer alimentos sacrificados aos ídolos, pela ciência de que eles (os ídolos), na verdade, nada são: “Para aqueles que sabiam que os ídolos não eram nada, Paulo afirma o óbvio: Ingerir alimentos (mesmo comida sacrificada a ídolos) não torna os crentes inaceitáveis perante Deus” (HOWARD, 2018, p. 1827).
Para a consciência funcionar bem, é preciso que ela esteja corretamente educada e cuidada à luz da genuína Palavra de Deus, no Espírito Santo (Rm 9.1; 1 Tm 1.5,19). Todo desequilíbrio é perigoso. A insensibilidade leva à complacência com o pecado, e a hipersensibilidade produz extremismo, fazendo considerar tudo como pecado. E é nesse campo que agem as seitas, manipulando e aprisionando almas incautas, como faziam os falsos mestres do primeiro século (Cl 2.16-23). O esclarecimento da consciência pela luz das Escrituras faz com que o fiel não se prenda ao controle humano, fazendo-o viver nos limites da liberdade cristã.
Raymond Franz foi um destacado membro do corpo governante das Testemunhas de Jeová na sua sede, nos Estados Unidos da América, instituição a que pertenceu até os seus sessenta anos de idade. O seu livro Crise de Consciência (2002) é um forte testemunho do que acontece com milhões de pessoas ao redor do mundo, que se ligam aos chamados grupos heterodoxos, ficando presas em função da consciência e práticas legalistas dessas entidades religiosas. Em relação às Testemunhas de Jeová, Franz afirma que, no seu processo de saída da organização, ficou evidente que os líderes da organização não estavam dispostos a discutir pontos de dúvida em relação às Escrituras, pois consideravam determinante a lealdade à organização e aos seus ensinos: “Na mente dos interrogadores, a questão principal era, não a lealdade a Deus e à sua Palavra, mas a lealdade à organização e aos seus ensinos” (p. 309). Toda instituição que põe as suas normas acima das Escrituras apresenta característica de seita, ainda que negue sê-la.
Texto extraído da obra Corpo, Alma e Espírito, editada pela CPAD.
