Lição 08: Davi um encontro, um livramento.
Prezado(a) professor(a), para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria de Verônica Araujo.
INTRODUÇÃO:
Continuando a estudar a respeito desse personagem bíblico, que tem uma vida repleta de ensinamentos, veremos a parte da história de Davi em que ele ainda se mantém afastado de Saul, que cultivava uma inimizade contra ele e perseguia-o, principalmente agora que Samuel havia morrido. Por esse motivo, Davi refugiou-se na parte mais ao sul da terra de Judá, no deserto de Parã (1 Sm 25.1). Esse local fazia fronteira com os filisteus, e, por isso, a presença de Davi era uma ajuda para os agricultores, pastores e as pessoas em geral que viviam nessa área e estavam vulneráveis e sofrendo constantes ataques desse povo inimigo. Davi e os seus homens levavam proteção para os habitantes daquelas terras (1 Sm 25.15,16). Quando Davi e os seus guerreiros começaram a necessitar de provisões, ele achou por bem procurar um dos mais ricos agricultores que estava tosquiando as suas ovelhas a fim de pedir-lhe ajuda para alimentar a si mesmo e aos seus homens. É nesse contexto que Davi depara-se com Nabal, apresentado como homem “duro e maligno nas obras”, além de tolo, e a sua esposa, Abigail, “mulher de bom entendimento e formosa” (1 Sm 25.3).
I – PALAVRAS TOLAS, CONSEQUÊNCIAS INDESEJADAS:
Nabal era um homem de muitas posses, mas que se demonstrou ser um homem extremamente tolo. Inocentemente, acreditamos que pessoas de muita posse são pessoas bem formadas academicamente, bem instruídas e muito educadas. Mas vemos, com o exemplo de Nabal, que não é bem assim. Do que adiantaram tantas terras e tamanhas riquezas para Nabal? Diante da tolice, tais posses perderam a validade para o pobre homem. Sigamos o conselho do sábio: rejeitemos a tolice e abracemos a sabedoria (Pv 14.17-35). Era comum naquele tempo a hospitalidade, nem que fosse de forma simples. Ela exigia que os viajantes fossem alimentados, independentemente do número em que se encontravam. Foi baseado nesse costume que Davi pediu provisão de alimentos para si e o seu grupo. Não só por isso, Davi também acreditava ter feito o bem para Nabal ao defender os seus pastores e, consequentemente, o seu rebanho, de ataques. Se, naquele momento, Nabal estava tosquiando as suas ovelhas, parte dessa prosperidade ele devia a Davi, que estava protegendo os pastores de Nabal enquanto estavam cuidando dos animais. Possivelmente, Nabal era um dos que não aceitavam Davi como o próximo rei de Israel. Assim, recusando-se a fornecer provisão para Davi, Nabal estava dizendo que Davi e os seus homens eram preguiçosos. Além disso, Nabal foi ainda arrogante e insultuoso. Ele comparou o futuro rei a um escravo fugitivo, insinuando que ele era uma pessoa insignificante que estava fugindo de Saul por ter sido desleal e merecia uma punição. Esse homem tolo, porém, sabia perfeitamente quem era Davi e por que motivo ele fora forçado a ter essa vida sem um paradeiro fixo. Homens como Nabal são encontrados em todas as partes. São homens autoritários, insensíveis com as questões sociais e de pessoas em vulnerabilidade, soberbos e que demonstram indiferença com o próximo. Para esses homens, a exortação feita por Tiago na sua epístola é: “[…] Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes” (Tg 4.6). Deus opõe-se aos que agem dessa forma, principalmente em relação aos menos favorecidos.
As palavras erradas podem trazer graves consequências sobre nossa vida; por isso, precisamos dispensar um cuidado maior nessa importante área. Foram as palavras insensatas de Nabal que provocaram a ira de Davi e os seus homens ao dizer que preferia dar as suas riquezas às pessoas que trabalharam para ele do que a preguiçosos como eles. Essa provocação certamente irritou Davi, já que a sua proteção voluntária não estava sendo reconhecida. O tolo Nabal errou por não dominar um membro do corpo tão pequeno, porém acompanhado de um grande poder: a língua. O domínio da língua é essencial para que consigamos dar conta dos objetivos a nós propostos (Pv 10.20). Com as palavras apoiamos (Ne 1.7-8), motivamos (Dt 31.6), ensinamos (Lc 4.15), orientamos (Êx 25.8-12), corrigimos (2 Sm 12.1-15), comprometemos (Rt 1.16-17), oramos (Sl 66.17), louvamos (Sl 35.28), entre tantas outras possibilidades. Mas também ofendemos (Pv 12.18), desanimamos (Êx 16.2,3), traímos (Mt 26.25), rompemos (Pv 10.19), enganamos (Sl 34.13) e muito mais. Enfim, a língua é algo poderoso e versátil, e é por isso que precisamos dominá-la com maestria (Tg 3.7-8) e temor ao Senhor. Nossas palavras dizem muito sobre nós. Como nos expressamos? Como defendemos nossas causas? Ao falar, que influência exercemos sobre nossos ouvintes? É importante essa reflexão durante esse estudo.
As consequências das palavras insolentes de Nabal, bem como a sua falta de generosidade e do seu egoísmo, não tardaram a aparecer. A ira de Davi acendeu-se de tal maneira que ele ordena que os seus homens peguem as suas armas e busquem vingança. O futuro rei estava pronto para exterminar com Nabal e toda a sua casa (1 Sm 25.12,13). O desejo de Davi para remediar essa situação poderia ser catastrófico: de um lado teríamos Nabal morto em um verdadeiro banho de sangue, e do outro teríamos Davi com as mãos manchadas de sangue, cometendo o pecado de assassinato, lançando uma escura sombra sobre si. O resultado certamente seria o pior possível se não fosse a atitude de Abigail e as suas palavras sábias e prudentes, essenciais para trazer novamente a paz à sua casa. Por intermédio dessa mulher, podemos ver o agir de Deus protegendo Davi de cometer esse erro terrível. Ela falou sabiamente ao reprovar a atitude do marido e destacar a relevância de Davi manter as suas mãos limpas daquele sangue. Deus tem para cada um de nós bons propósitos (Jr 29.11); basta seguirmos os seus desígnios. Eis uma questão central: precisamos estar no centro da vontade divina. Por vezes, queremos fazer as coisas do nosso jeito e forçar nossas intenções, porém sempre será melhor nos deixarmos envolver pelos pensamentos e caminhos do Senhor (Is 55.8,9).
II – UMA MULHER VIRTUOSA:
Embora a cultura da época e o seu esposo dessem-lhe pouco valor, Abigail destacou-se pelas suas virtudes num momento tenso. Essa mulher sábia e virtuosa fez o máximo da sua habilidade e oportunidades, mostrou-se uma importante conselheira a esses dois homens, trabalhando para aplacar os ânimos e evitar que eles agissem de forma impulsiva e imprudente. O seu marido, após ter sido insensato e ofender gravemente a Davi, estava condenado a um triste fim, ele e toda a sua casa. A insensatez de Nabal é mais comum atualmente do que imaginamos, e os estragos são lamentáveis: famílias fragmentando-se, casamentos sendo desfeitos, bons projetos sendo destruídos, carreiras arruinadas e esperanças dizimadas. Como sentimos a falta de pessoas como Abigail para trazer bons conselhos e, na direção divina, possibilitar que vidas sejam restauradas e histórias, reescritas. A mulher virtuosa é aquela que teme a Deus, ama a sua família, compromete-se com o que é certo, é sábia, prudente e é canal de edificação aos que estão à sua volta. Essas características são tão importantes que são atemporais: desde a Antiguidade, somos apresentados às histórias de mulheres virtuosas que foram usadas por Deus como Débora (Jz 5.7), Ester (Et 2.17), Ana (1 Sm 2.1), entre outras. Há homens que, definitivamente, não merecem a esposa que têm, e Nabal é um desses homens. Abigail foi muito mais do que ele merecia; era bonita e mais bem preparada do que ele para administrar a riqueza e, infelizmente, Nabal não lhe deu o devido valor. 2. Enviada por Deus O encontro entre Abigail e Davi foi divino e, mediante os conselhos entregues, decisivo para que o futuro rei não sujasse as mãos com o sangue de um tolo (1 Sm 25.31). Ela apressou-se em preparar um generoso presente para Davi e foi ao seu encontro. Ela mesma concorda que Nabal estava errado e que não valia a pena Davi perder tempo com ele, admitindo, assim, que Davi estava certo, e Nabal, errado. Não só isso! Abigail expressa a sua gratidão por Davi e faz com que ele olhe para o futuro, quando todos os propósitos de Deus para a vida dele seriam cumpridos (ver 1 Sm 25.30,31, NVT). Um importante paralelo pode ser verificado aqui: Jônatas aconselha Saul a não derramar sangue inocente. Abigail dá a Davi o mesmo conselho. Saul não ouve e lança-se numa perseguição insensata, afastando-se ainda mais dos propósitos divinos; Davi segue o conselho e reconhece nas palavras e postura de Abigail o cuidado de Deus para com a sua vida. A morte de Saul é trágica, e a vida de Davi é célebre. Com esses exemplos, aprendemos que tanto a ofensa quanto a vingança são atitudes que revelam a insensatez e a imaturidade de quem as desenvolve. Mediante tais adversidades, devemos simplesmente confiar no Senhor e nas suas diretrizes para nossa vida (Sl 37.5). Quando estivermos prestes a punir alguém com “o que ele merece”, lembremos o sábio conselho de Abigail para Davi e como ele comoveu-se com o seu apelo e ficou agradecido pela sua intervenção naquele momento da sua vida cujas ações trariam consequências ruins ao seu futuro para sempre
Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Verônica Araujo
Editora da Revista Lições Bíblicas Jovens
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