Lição 13 – Davi: Um homem segundo o coração de Deus
Prezado(a) professor(a), para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria de Telma Bueno.
INTRODUÇÃO:
Chegamos ao fim da série de estudos a respeito da vida de Davi. Neste último capítulo, refletiremos a respeito das seguintes questões: “Por que Davi foi o único nas Escrituras a receber o título de ‘um homem segundo o coração de Deus’?”; “O que é ser ‘um homem segundo o coração de Deus’?”.
Veremos também que a narrativa bíblica a respeito da vida de Davi tem início de forma bem simples, aparentando ser bem lenta, sem muitas emoções, mas que nos surpreende no decorrer. Davi surge na história de Israel como um jovem ruivo, de formoso semblante, de boa presença e pastor de ovelhas, mas não demorou muito para esse jovenzinho enfrentar um gigante, tornar-se um herói nacional aplaudido por todos e homenageado pelas mulheres que enalteciam as suas vitórias em verso e prosa dizendo: “Saul feriu seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares” (1 Sm 18.7). O jovem que, a princípio, parecia frágil e que tinha vocação para pastorear ovelhas inicia uma jornada coroada de êxitos. Com o passar dos anos, vão se ampliando as suas conquistas e derrotas, acertos e tropeços.
I – DAVI, UMA HISTÓRIA INSPIRADORA
O Chamado:
“Ele tinha treze ou dezesseis anos?”; “Será que o jovem pastor algum dia sonhou em ser o rei do seu povo?” Não sabemos a idade de Davi quando o Senhor enviou Samuel à casa de Jessé para ungi-lo como o futuro rei de Israel. Não sabemos muito, mas a Bíblia limita-se a informar que ele “era ruivo, e formoso de semblante, e de boa presença” (1 Sm 16.12). Davi foi escolhido por Deus ainda na “flor dos seus dias”. Sabe por quê? Para que florescesse e frutificasse para o Senhor e o seu povo. Deus também espera que frutifiquemos em todas as fases de nossa vida e em todas as áreas a fim de que o seu nome seja glorificado. No Novo Testamento, Jesus deixa claro que os frutos são a marca de um autêntico seguidor e que fomos chamados, nomeados, para frutificar (Jo 15.16).
Por intermédio do chamado de Davi, aprendemos algumas lições importantes. Vejamos quatro delas:
(1) Deus olhou para o coração de Davi, e não para a sua aparência física. O Senhor não está preocupado com nosso biotipo, com estereótipos, com a “embalagem”, mas com nosso caráter, com nosso verdadeiro “eu”, com nossa essência. As pessoas de hoje não valorizam mais características como lealdade, bondade, fidelidade, honestidade etc. De que adianta ter um rosto e um corpo perfeito, lindo, mas um interior estragado, podre?
A boa aparência física não é tudo. Os escribas e fariseus valorizavam muito o exterior, então veja o que Jesus disse a eles: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia. Assim, também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais
cheios de hipocrisia e de iniquidade” (Mt 23.27,28). Assim como Davi, Jesus também não estava dentro dos padrões de beleza do seu tempo, mas todos queriam a sua companhia, e Ele revolucionou a história. O profeta Isaías diz que o Messias não tinha parecer nem formosura (Is 53.2). O Filho de Deus não queria atrair e conquistar as pessoas pela sua aparência física. Não há nada errado em ter uma boa aparência, mas não nos esqueçamos de investir também na
“beleza interior”, desenvolvendo o fruto do Espírito Santo e sem julgar as pessoas pela sua aparência, mas, sim, pelas suas ações, os seus frutos.
(2) Davi era um desconhecido. Ele foi esquecido até mesmo pela sua família, mas já era conhecido por Deus. Vemos hoje em dia uma exposição excessiva nas mídias sociais em busca de serem vistos e assim, segundo alguns, serem lembrados. A ótica de Deus e do Reino é muito diferente da nossa. Todas as vezes que os homens quiseram colocar Jesus em evidência, Ele retirou-se para um lugar deserto. Preocupe-se em ser conhecido de Deus, e não somente de homens.
(3) Davi ainda não estava ciente da sua missão enquanto rei e não sabia tudo o que teria que enfrentar, porém já estava sendo forjado no campo pelo Eterno. Não é nos púlpitos ou à frente de um trabalho que somos forjados pelo Senhor. O preparo de Davi começa no campo, no lugar desconhecido, solitário, no anonimato, mas hoje os valores estão mudando, e as pessoas querem começar pelo “púlpito”. Antes de assumir o governo do Egito, José foi forjado na cisterna, na casa de Potifar e numa masmorra, e Deus não muda os seus valores e a forma de operar.
(4) Davi não tinha uma espada ou armadura, nem mesmo fazia parte do exército de Israel, mas o Senhor já o tinha levantado como o maior guerreiro e rei de Israel. Talvez você também ainda não tenha todas as ferramentas de que necessita para realizar a obra para a qual foi chamado; talvez não se sinta preparado, mas não desista. Seja forte, corajoso e ousado como Davi. Com o tempo, Davi foi aprendendo a lutar, a usar a espada e, assim, tornou-se um bravo guerreiro. Algumas aptidões e habilidades vêm somente com o tempo em nossa vida.
Davi era muito jovem, mas não tentou esquivar-se da missão a ele confiada, o que demonstra a nobreza do seu caráter. Você já se sentiu assustado diante de alguma missão que lhe foi confiada por Deus? Reconhece sua incapacidade? Então, lembre-se de que nossa capacidade vem do Senhor (2 Co 3.4,5).
Uma História, uma Inspiração para nós:
A história de Davi é uma das mais belas e conhecidas das Sagradas Escrituras. É uma história de superação, força, coragem, alegria e tristeza, triunfo e derrota. Não há crente que não se identifique, em algum momento da sua vida, com alguma ocasião vivida pelo filho de Jessé. Davi é o homem que ficou com o coração destroçado ao saber da morte do seu maior rival e perseguidor: o rei Saul. Somente esse homem é descrito nas Sagradas Escrituras como o “homem segundo o coração de Deus” (1 Sm 13.14). Ele surge na história de Israel a partir da rejeição de Saul pelo Senhor, e tal rejeição deu-se pela falta de obediência. O Senhor havia ordenado a Saul que esperasse em Gilgal a chegada de Samuel. Este ofereceria sacrifícios e daria a ele instruções (1 Sm 10.8). Deus, no entanto, estava provando Saul. O Senhor certamente nos ama e deseja nosso bem, mas Ele também nos prova. Todo crente é provado, mas, infelizmente, nem todos são aprovados.
Deus retardou a ida de Samuel até Saul além dos sete dias que havia determinado; então, a impaciência e o desespero, aliados à arrogância, levaram Saul a cometer um erro que destitui a ele e a sua casa da monarquia: oferecer sacrifício a Deus. Tal atitude era contrária às leis divinas, pois só os sacerdotes podiam oferecer sacrifícios ao Senhor. Saul desobedeceu a Deus, mas, ao contrário de Davi, não se arrependeu.
Deus rejeita Saul, escolhe Davi e faz a este uma promessa surpreendente: seu reino não teria fim. O homem segundo o coração de Deus é também apresentado numa ótica messiânica apontando para aquEle que viria séculos depois para salvar toda a humanidade.
Saul, como rei, deveria ser o espelho da nação e refletir os propósitos de Deus para com Israel, e foi nesse contexto que o Senhor buscou “para si um homem” que o agradasse e que se tornaria príncipe sobre o seu povo (1 Sm 13.14). Davi foi esse homem (1 Sm 16.12,13).
Se compararmos a vida de Saul com a de Davi, veremos que ambos foram escolhidos e ungidos por Deus para conduzirem Israel. A forma como ambos procederam ante a esse chamado foi, no entanto, muito díspar e ensina-nos importantes lições a respeito da soberania divina na escolha de Deus para o seu serviço. É importante ressaltar que a soberania de Deus não anula a liberdade humana na sua tomada de decisões. Não estamos dizendo que Saul estava predestinado ao fracasso (1 Sm 13.13), nem tampouco Davi ao sucesso. Glória a Deus, pois foi Ele quem nos concedeu o direito de agir e de arcar com as consequências de nossas ações.
Aprendemos com a história de Davi que Deus não se impressiona e nem procura por semblantes formosos, estatura física perfeita, idade ou gênero, mas Ele olha para o coração. Davi deixou-nos um legado que até hoje é reconhecido e aplaudido pelo Estado de Israel. Pare e pense: “Qual legado você está deixando para as pessoas que convivem com você?”
II – O QUE É SER UM HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS:
“O que significa ser ‘segundo o coração de Deus’?” É evidente que ser “segundo o coração de Deus” não significa ser perfeito, pois a perfeição não faz parte da natureza do ser humano, por mais que ele ame e procure viver segundo os padrões divinos. Acredito que ser “segundo o coração de Deus” é estar disposto a obedecer-lhe de forma irrestrita (At 13.22). Significa desejar ter um relacionamento profundo e pessoal com o Senhor, conhecendo os seus propósitos. Davi cometeu erros em muitas áreas da vida, mas também desejou a presença de Deus como ninguém. Observe o que nos diz o Salmo 63: “[…] a minha alma tem sede de ti; a minha carne te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água” (Sl 63.1). Davi não permitiu que nada tirasse o seu desejo de estar com Deus e na sua Casa.
“Você se considera alguém segundo o coração de Deus?”; “Como saber se alguém tem um coração segundo Deus?”. É fácil identificar um homem e uma mulher segundo o coração de Deus, pois basta olhar para os seus frutos, ações. Jesus disse que uma árvore é conhecida pelos frutos. É preciso ressaltar que, para ter um coração segundo o coração de Deus, é preciso ter um relacionamento pessoal com Ele. É como Jesus ensinou a respeito da videira em João 15. Jesus afirmou que, para frutificar, é preciso estar nEle, a “videira verdadeira” (v. 5). Isso nos fala a respeito de comunhão, e é essa comunhão que nos leva a um maior comprometimento com o Pai. Quem anseia pela presença de Deus, como Davi, busca cumprir os seus desígnios, tornando-se, assim, uma pessoa obediente e dependente do poder do Espírito e da graça divina. Davi não confiava na sua força, mas no Senhor. Ele buscava a Deus, e o Senhor era com ele. Por intermédio da história de vida de Davi, também aprendemos que ser segundo o coração de Deus é ser mais grato. Não vamos ver Davi murmurando diante das adversidades, mas, sim, compondo hinos de adoração ao Senhor, bem como canções que demonstravam a sua fragilidade, mas também a sua irrestrita confiança em Deus. Tanto o Davi pastor quanto o Davi rei confiaram na soberania divina nas mais diferentes situações. Davi também nos ensina que ser segundo o coração de Deus é permitirmo-nos ser corrigidos por Ele quando erramos, pois qual o pai que não corrige os seus filhos? Quem ama corrige, exorta, faz retornar ao caminho, porém sem acusar, sem usar de violência ou arrogância.
Davi teve ao longo da sua vida vários tropeços, mas as suas falhas não o impediram de buscar a Deus. Ele reconhecia os seus erros, era humilde e ansiava pela integridade, buscava ser sincero e justo, arrependia-se das suas falhas e humilhava-se em busca do perdão e restauração (Sl 34.18).
Algo que admiro em Davi era o fato de ele ser um homem intenso nas suas atitudes, emoções, sentimentos e na busca pela presença de Deus. Tomemos como exemplo o confronto entre ele e Golias. O gigante filisteu partiu em direção ao jovem pastorzinho, mas Davi apressou-se e correu com mais rapidez ao encontro do gigante (1 Sm 17.48). Isso demonstra ousadia, fé, coragem de quem conhece ao Senhor. A intensidade de Davi frente ao gigante filisteu demonstrava um ato de fé e a certeza de que a vitória viria do Senhor (1 Sm 17.37).
Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Telma Bueno
Editora da Revista Lições Bíblicas Jovens
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