Lição 07 – Uma Igreja que não teme a perseguição.
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – A IGREJA PERSEGUIDA
II – A IGREJA PROTEGIDA
III – A IGREJA DESTEMIDA
CONCLUSÃO:
Esta lição tem três objetivos que os professores devem buscar atingi-los:
I) Explicar os motivos e as esferas da perseguição enfrentada pela Igreja Primitiva;
II) Demonstrar como Deus protegeu sua Igreja através de livramentos e da intercessão;
III) Encorajar os alunos a permanecerem firmes na fé, mesmo diante das adversidades.
UMA IGREJA CHEIA DE AMOR:
Por sua própria natureza, a fé cristã é includente e excludente ao mesmo tempo. Includente quando convida todos a participarem dela (Mt 11.28); e excludente à medida que só reconhece Jesus Cristo como o único caminho, a verdade e a vida (At 4.12; Jo 14.6). Dessa forma, portanto, o cristianismo exclui todas as outras crenças como válidas para a salvação. Isso não significa dizer que não há elementos de verdade nas outras religiões, nem tampouco que elas são desprovidas de valor ético-moral. Não; não se trata disso. Sem dúvidas, é possível valores que são benéficos para o bem-estar e convívio social tanto nas religiões mundiais que possuem uma natureza mais teológica quanto em outras de natureza mais filosófica. Contudo, à luz da fé cristã, elas são insuficientes para a salvação da humanidade.
Ao afirmar a sua fé unicamente na pessoa de Jesus Cristo como sendo o único caminho para a salvação, a fé cristã torna-se rejeitada e muitas vezes perseguida. Praticamente todas as tradições cristãs do protestantismo, tanto o histórico [1] como o pentecostal, sofreram algum tipo de perseguição no Brasil quando aqui chegaram. O clero católico romano, mesmo havendo liberdade de culto, não tolerava a fé que achava ser concorrente. Gunnar Vingren, missionário sueco e fundador das Assembleias de Deus no Brasil, narra no seu livro O Diário do Pioneiro [2] várias perseguições que sofreu quando chegou aqui em 1910. Em 1914, Vingren enviou uma carta para o seu amigo, o pastor O. L. Björk, que morava na Suécia. Nessa carta, Vingren conta como a perseguição veio com força na implantação da Assembleia de Deus em Itapajé, no estado do Ceará. Naquela época, o missionário sueco contava com o apoio de Adriano Nobre, um convertido à fé pentecostal. Nobre foi preso por pregar o evangelho naquele estado.
Vingren escreveu:
Carta missionária.
Pará, Brasil, 22 de agosto de 1914.
“ Meu amado irmão… A paz de Deus!
Muito obrigado por sua carta de 7 de julho e pelo cheque. Fico muito feliz com sua carta. É muito bom ouvir falar de Jesus e de suas obras maravilhosas. Fico feliz em ouvir sobre isso, pois vivo na mesma fonte que o senhor. Aleluia! Acho que mencionei em uma carta para o senhor que pretendia viajar para outro estado, chamado Ceará, mas o Senhor levou nosso evangelista a ir em meu lugar. Ele voltou depois de cerca de um mês e meio com a notícia de que havia batizado 50 pessoas na água e que Jesus havia batizado 24 crentes no Espírito Santo e no fogo. Glória a Jesus! O Ir. Adriano Nobre foi preso lá. Adriano Nobre estava preso ali em um dia, quando Jesus batizou mais de 10 pessoas no Espírito Santo e nosso irmão foi expulso do local pelos inimigos. Mas, louvado seja Deus, eles não conseguem afastar a obra do Senhor. Desde então, temos recebido cartas de lá, e os crentes estão firmes em Jesus. Adriano nomeou um irmão para liderar as reuniões antes de partir. Amanhã a irmã [3] que estava lá antes de Adriano e preparou o caminho para ele está partindo; agora ela está viajando para lá pela vontade do Senhor para encorajar os amigos. Vamos orar muito por ela. Desde minha última carta, Jesus batizou 32 pessoas no Espírito Santo aqui no estado do Pará, e 39 foram batizadas nas águas. Glória a Deus! Uma delas foi batizada no Espírito no meio do sermão na quarta-feira à noite. Não se esqueçam de orar por mim, queridos amigos, para que o Senhor me fortaleça.”
No Senhor, Gunnar Vingren.
P.S. Agora mesmo chegou um telegrama do Ceará informando que o número de pessoas batizadas no Espírito já é de 33. Glória a Jesus! Dessa forma, o Senhor está realizando sua obra maravilhosa. Aleluia! Agora estamos construindo uma casa pastoral aqui. O Ir. Berg envia suas saudações.[4,5]
NOTAS
[1] Veja relatos de perseguição, por exemplo, aos batistas na obra do historiador José Reis: História dos Batistas no Brasil, 1882-1982. Rio de Janeiro: JUERP.
[2] VINGREN, Gunnar. O Diário do Pioneiro. Rio de Janeiro: CPAD, 1973.
[3] A “irmã” a quem se refere Vingren é Maria de Nazaré, a segunda crente a receber o batismo no Espírito Santo em Belém, Pará, em 1911. Tendo recebido o batismo pentecostal, Maria de Nazaré retornou de Belém, PA, para Itapajé, CE (antes conhecido como São Francisco de Uruburetama) para compartilhar a sua fé com os seus familiares.
[4] O. L. Björk foi um dos primeiros pastores batistas suecos a aceitar a fé pentecostal na Escandinávia. Ele ouviu primeiramente sobre o batismo no Espírito Santo em 1906 por meio de Anders Johnson, um batista sueco batizado no Espírito Santo na Rua Azusa. Johnson voltou para Skövde, Suécia em novembro de 1906. Posteriormente, teve contato com Björk, com quem compartilhou a fé pentecostal. Björk foi batizado no Espírito Santo no início de 1907. Ele foi um apoiador financeiro do trabalho pentecostal no Brasil (cf. GONÇAVES, José. A Glossolalia e a Formação das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2022
[5] BJÖRK, O. L. Brudgummens Röst, p. 9 (acervo do autor).
Texto extraído da obra A Igreja em Jerusalém, editada pela CPAD