Lição 08 – Filhos e herdeiros.
Prezado(a) Professor(a), a paz do Senhor!
Com a graça de Deus, chegamos à lição oito e, durante esta aula, trataremos a respeito da nossa posição em Deus como filhos e herdeiros.
Para ajudá-lo(a) a se aprofundar um pouco mais no assunto de adoção exposto na Epístola de Paulo aos Gálatas, apresentado na lição, trazemos um trecho extraído do livro do trimestre cujo conteúdo também é de autoria do pastor Alexandre Coelho.
A NOSSA POSIÇÃO EM DEUS:
1. Somos filhos e herdeiros:
“Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo” (Gl 4.7). Os gálatas serviam anteriormente aos ídolos, pois não conheciam a Deus. Agora, porém, eles haviam sido salvos e não haviam sido deixados à própria sorte. Eles foram recebidos como filhos. Deus acolheu-os na sua família, a Igreja, a comunidade dos santos: “[…] Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai” (Gl 4.6).
Ele prossegue dizendo que somos filhos e herdeiros — coisa que um escravo não é. Pelo Espírito Santo, os gentios poderiam chamar Deus de “paizinho”, que não é uma expressão que remonta à ideia de um diminutivo, mas, sim, de intimidade. Os gentios em Cristo agora obedecem a Deus para agradá-lo, e não porque podem ser punidos, como os ídolos faziam com os que os adoravam. Acontece que essa nova posição para os gálatas estava sendo abalada: “Como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos” (Gl 4.9,10).
2. Guardando preceitos e regras:
Eles eram filhos e herdeiros de Deus pela fé, mas, ao observarem a Lei de Moisés, estavam como que voltando à época em que serviam aos ídolos, passando também a ficar mais preocupados com a guarda das festas hebraicas e os dias santos, uma regra para que a cultura judaica fosse prolongada entre os gentios. Eles aprenderam com os judaizantes a guardar rituais que se iniciavam com datas importantes do judaísmo, como, por exemplo, o que comer, o que não comer, o cuidado de não deixar de celebrar determinada data, etc. Na prática, pouca diferença havia entre o legalismo do paganismo e dos ídolos que os gálatas adoravam antes. Veja:
Mas, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses. Mas agora, conhecendo a Deus ou, antes, sendo conhecidos de Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós que haja eu trabalhado em vão para convosco. (Gl 4.8-11)
Não há nenhum impedimento em guardar-se um dia para a adoração a Deus. Os hebreus tinham o seu próprio calendário e valiam-se dele para não descumprirem os mandamentos. Guardamos, por exemplo, o domingo, pois foi nele que Jesus voltou dos mortos, vencendo a morte e garantindo-nos que seremos vitoriosos com Ele nesse mesmo aspecto; mas guardar datas e dias como um misticismo não é o que o Senhor Deus tem para nós. Veja:
Os gentios tinham dias agourentos, festivais especiais e assim por diante. O judaísmo contava com seu próprio calendário de dias sagrados, luas novas, anos sabáticos etc. Paulo está dizendo que, ao retornarem a uma religião cerimonial baseada no calendário, os gálatas estavam retornando ao julgo pagão sob esses espíritos das regiões celestiais (4.3, 9). De um ponto de vista técnico, o argumento é tipicamente retórico: judeus e pagãos não acreditavam ter muita coisa em comum (inclusive no que diz respeito aos calendários. Do ponto de vista da experiência, no entanto, eles estariam abandonando o Espírito (3.2; 4.6) em troca da tradição e do hábito. (KEENER, 2017, p. 638)
Há algum problema em seguir regras? De forma alguma. As regras certamente nos ajudam a saber como nos portarmos em diferentes contextos, trazendo organização. No trabalho ou nos estudos, regras como cumprir horários e fazer as suas atividades no departamento onde se trabalha ou na sala onde a aula acontecerá ajudam na organização e no bom relacionamento. Mas, quando o cumprimento de regras torna-se o referencial de espiritualidade, então o legalismo tomou conta da fé.
3. Fraqueza de Paulo quando esteve com os gálatas:
Paulo relembra os seus leitores que esteve com eles em fraqueza, uma forma de dizer que estava acometido de uma enfermidade:
Irmãos, rogo-vos que sejais como eu, porque também eu sou como vós; nenhum mal me fizestes. E vós sabeis que primeiro vos anunciei o evangelho estando em fraqueza da carne. E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne; antes, me recebestes como um anjo de Deus, como Jesus Cristo mesmo. (Gl 4.12-14)
E por que ele faz isso? Diferentemente de pessoas que ensinam que quem serve a Deus não pode ficar doente — ou, se está doente, é porque cometeu algum pecado ou porque não tem fé —, Paulo permite-nos entender que estamos sujeitos às mazelas deste “corpo de humilhação” (Fp 3.21). Ele acrescenta: “E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne” (Gl 4.14). Não nos é dito que tipo de moléstia acometeu Paulo quando ele esteve na Galácia, mas, sim, que os gálatas tinham um coração aparentemente disposto à generosidade e à misericórdia, tanto que o próprio Paulo diz: “[…] se possível fora, arrancaríeis os olhos, e mos daríeis” (Gl 4.15). A receptividade dos gálatas foi relembrada para mostrar que Paulo não lhes era um oponente. Ele tinha gratidão pelos gálatas.
A graça de Deus, pregada pelo apóstolo, foi suficiente não só para alcançar os seus ouvintes, mas também poderosa para que eles recebessem a Paulo como um mensageiro de Deus, mesmo quando estava adoecido. E os judaizantes aproveitavam-se dessa boa vontade dos gálatas para semear entre eles a desobediência.
Esse também é um excelente lembrete de que o ministério não acontece em estrita conformidade com o plano humano. Paulo não incluira a Galácia em suas sessões de planejamento estratégico, mas Deus o conduzira até ali. Ora, não podemos deduzir desse texto que o planejamento estratégico é errado; Paulo não se arrependeu nem parou de traçar planos para as suas viagens missionárias! Vemos, por exemplo, que ele continuou a ter como alvo, para alcançar uma região, a maior cidade de cada uma delas. (KELLER, 2015, p. 117)
Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo: Vivendo o Verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.
Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Verônica Araujo