Lição 1 – O chamado de Jeremias
Prezado(a) professor(a), para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria do pastor Elias Torralbo, comentarista do trimestre.
Em toda a narrativa bíblica, é possível perceber a importância dos patriarcas, dos reis, dos sacerdotes, dos apóstolos, da liderança levantada por Deus e de seu povo, como um todo. Além destes, há também o significativo papel que os profetas desempenharam, com um chamado específico da parte de Deus e com uma missão bem definida, conforme explicado por Stanley Ellisen:
Os profetas de Israel foram chamados individualmente e ungidos por Deus para o serviço de “emergência”, em contraste com o serviço regular dos sacerdotes, dos anciãos e reis. Além de serem denominados “profetas” (heb. Nabi), também recebiam o nome de “videntes” (roéh), “sentinelas” (tsaphá) ou “pastores” (ra’áh). Esses termos indicam suas funções ao serem chamados por Deus para interpretar e anunciar a palavra específica do Senhor para o seu povo. (ELLISEN, 2007, p. 243)
Sob a convicção de que Deus o chamara para o ministério, o profeta servia ao Senhor e ao seu povo como uma espécie de guardião tanto no sentido de identificar os perigos que se aproximavam e alertar ao povo a esse respeito quanto de representar a Deus, aonde chegasse. Enquanto os sacerdotes eram estabelecidos com base na linhagem de Arão, os profetas eram escolhidos diretamente por Deus, independente da origem familiar e tinham a missão de representar ao Senhor, proclamando a mensagem divina, anunciando acontecimentos futuros e interpretando e ensinando a Lei de Deus.
No que se refere ao tempo, a figura do profeta remonta, inicialmente, aos tempos patriarcais, haja vista que Abraão é identificado como profeta (Gn 20.7), passando por Moisés que também foi identificado como profeta, servindo, inclusive, de antecipação dos profetas que ainda estavam por aparecer, assim como sinal da vinda do Senhor Jesus como Profeta (Dt 18.15-22) e, finalmente, Samuel que aparece como um importante profeta em seus dias (1 Sm 3.20). Mulheres como Miriã, Débora e Hulda são identificadas como profetisas (Êx 15.20; Js 4.4; 2 Rs 22.14).
Embora a expressão e o conceito de profeta apareçam, conforme elencado anteriormente, desde os dias de Abraão, todavia, de forma oficial, tem sido quase que unanimemente aceito que o período dos profetas começa em Samuel e é concluído no final do Antigo Testamento, somando um total de cerca de 700 anos da história de Israel. Nesse longo período surgiram vários profetas, dos mais variados lugares e com as mais diferentes personalidades, no entanto, com a mesma missão de anunciar os oráculos de Deus. Lawrence O. Richards oferece uma excelente explicação sobre as diferentes divisões atribuídas aos profetas, conforme se lê:
Os profetas são frequentemente divididos entre “profetas escritores”, cujas mensagens estão preservadas como livros do Antigo Testamento, e “profetas oradores”, cujo ministério é descrito, mas não fizeram nenhuma contribuição ao cânon. A importância de um profeta na história não pode, entretanto ser medida por essas categorias. Elias e Eliseu são profetas oradores. Contudo, esses dois, com sucesso, resistiram aos vigorosos esforços de Acabe e Jezabel em substituir Iahweh por Baal, como deidade “oficial” de Israel (I Rs 16; II Rs 10). As obras dos profetas escritores são divididas em duas categorias. Há os profetas maiores, cujas obras são especialmente longas e, os assim chamados profetas menores, cujos trabalhos são menores. (RICHARDS, 2005, p. 405)
Jeremias está entre os chamados profetas maiores, ao lado de Isaías, Ezequiel e Daniel. Ele se destaca, por razões quase que óbvias, como a mensagem que transmitiu, a firmeza com a qual exerceu o seu ministério, a firme decisão em se manter fiel a Deus e ao seu chamado e a impressionante capacidade de resistir à oposição e à rejeição do povo de seus dias.
Pode-se afirmar que Jeremias teve um ministério bem-sucedido, e isso se deu, inquestionavelmente, pelo cuidado de Deus com o profeta, mas principalmente porque o seu chamado foi parte de um projeto divino de alertar o povo a respeito de sua responsabilidade diante de Deus. Além disso, a convicção ministerial necessária e demonstrada ao longo de seu ministério, Jeremias adquiriu, basicamente de duas formas: i) pela experiência de seu chamado (Jr 1.1-19); ii) pela relação que desenvolveu com Deus, durante a sua vida (Jr 20.1-18).
A proposta maior desta obra é a de refletir sobre o amplo e importante ministério de Jeremias a partir do que o seu livro informa a esse respeito. Desse modo, o primeiro capítulo lança as bases para que esse propósito seja alcançado, tratando basicamente acerca do chamado profético de Jeremias, a sua natureza, o seu propósito e a maneira pela qual ele cumpriu o seu chamado.
Ainda antes de avançar, é preciso que fique claro que, seguindo o propósito central do ministério de um profeta, a comunicação da Palavra de Deus foi o principal foco do ministério de Jeremias. Sendo assim, uma vez que este capítulo se firma em mostrar o chamado e a natureza do ministério desse profeta, ele trabalha, inicialmente, a natureza do ministério e da mensagem de Jeremias e enfatiza o conteúdo de sua missiva, culminando, assim, em demonstrar os seus efeitos e os seus desdobramentos. Com isso, a presença e a ação indispensáveis de Deus no chamado de alguém e o seu compromisso em cumprir a sua Palavra e em guardar os seus escolhidos são reafirmados na reflexão aqui proposta.
Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Verônica Araujo
Editora da Revista Lições Bíblicas Jovens
Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: TORRALBO, Elias. Exortação, arrependimento e esperança: o ministério profético de Jeremias. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.