Lição 1 – Corpo, alma e espírito
ESBOÇO DA LIÇÃO:
INTRODUÇÃO:
I – A TRICOTOMIA HUMANA
II – A DISTINÇÃO ENTRE ALMA E ESPÍRITO
III – A INTERAÇÃO DAS TRÊS DIMENSÕES
CONCLUSÃO:
Esta lição tem três objetivos que os professores devem buscar atingi-los:
I) Levar os alunos a entenderem que o ser humano é formado por corpo, alma e espírito;
II) Ensinar a diferença entre alma e espírito com base nos termos originais, mostrando que ambos compõem a parte imaterial do homem;
III) Conscientizar sobre a importância da harmonia entre corpo, alma e espírito, destacando como que os desequilíbrios em algumas dessas áreas podem afetar as demais.
CORPO, ALMA E ESPÍRITO:
Corpo, Alma e Espírito é um estudo panorâmico das Escrituras a respeito do homem e a sua constituição, a Queda e os seus efeitos e a Redenção e os seus eternos benefícios em Cristo. Quanto a esse terceiro aspecto, enfatiza a glorificação, a transformação do corpo na ressurreição e o arrebatamento dos salvos (1 Co 15.51-54; 1 Ts 4.16,17). A obra apresenta a tríplice natureza do ser humano (a tricotomia), sem ignorar a existência de outras duas visões teológicas relativas à composição do homem. A primeira é o monismo, também chamado de unitarianismo, corrente doutrinária segundo a qual o homem é um todo, uma só parte, uma unidade indivisível. Ao considerar não haver qualquer divisão na constituição humana, os monistas opõem-se às visões teológicas que apontam a existência das partes material e imaterial. Para o monismo, não existe alma ou qualquer parte do ser humano que sobreviva à morte (RENOVATO, 2021, p. 270). É, claramente, uma proposta antibíblica.
Figurando no intermediário teológico — entre monismo e tricotomismo —, a doutrina do dicotomismo considera que o homem é constituído de uma parte material e outra imaterial, mas não admite que o imaterial seja composto de alma e espírito. Apesar de a Bíblia conter inúmeras referências aos termos “alma” e “espírito”, os dicotomistas consideram tratar-se de expressões sinônimas, sempre utilizadas de forma intercambiável, ou seja, o emprego de uma no lugar da outra não afetaria o sentido. Embora alguns textos bíblicos possam inicialmente conduzir a esse entendimento, um amplo exame das Escrituras permite-nos chegar a uma conclusão oposta: os termos “alma” e “espírito” aparecem de forma intercambiável em alguns textos bíblicos, mas também são empregados com significados claramente distintos em inúmeros outros tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Em geral, as defesas do dicotomismo costumam revelar apenas a escolha de uma linha interpretativa (a dicotomia) e a rejeição de outra (a tricotomia). A negação do que a visão tricotômica tem como propósito claro de diversos autores sagrados, que é a referência a espírito e alma como substâncias distintas. Visto assim, o dicotomismo torna-se mais a filiação a uma linha teológica do que uma refutação embasada da tricotomia.
Ao longo desta obra, serão apresentadas referências bíblicas que não apenas permitem ver distinções entre alma e espírito, mas que também os citam explicitamente de forma apartada e não sinonímica. Além desses muitos fundamentos, o pensamento tricotômico ancora-se na eloquente expressão do escritor aos Hebreus quanto à divisão da alma e do espírito, lugar de acesso exclusivo da Palavra de Deus (Hb 4.12). O tricotomismo é, portanto, a aceitação plena do que dizem as Escrituras. De qualquer forma, crer com clareza de alma e de propósito no aspecto tricotômico do homem não deve induzir-nos a debates ou a qualquer meio de hostilização à visão dicotômica.
Tratando do dicotomismo, o autor pentecostal Timothy Munyon (HORTON, 1996, p. 249) assinala ser possível admitir que os seus adeptos consigam defender as suas opiniões sem cair em erros doutrinários, mas alerta para perigos de extremos que podem ser produzidos no emprego da visão dualista, como ocorreu dentro do gnosticismo, que ameaçou a fé cristã nos primeiros séculos, e da teologia liberal, que teve o mesmo propósito já em tempos modernos. A ficha desses adeptos do dualismo conduz-nos a um quadro, no mínimo, preocupante! Embora dicotomista, Gordon H. Clark (1902–1995) também admite os perigos de uma visão dualista (2022, p. 63). O alerta de Munyon e a franqueza de Clark levam-nos a considerar, ainda, expressões extremistas vistas no cristianismo atual, que são a supervalorização do espírito em detrimento do corpo ou o inverso disso. São questões que serão tratadas ao longo desta obra.
Ainda à título de introdução, duas observações precisam ser feitas. A primeira: o fato de o homem ser composto de três partes ou substâncias não deve levar-nos a concebê-lo como um ser repartido, mas, sim, na sua unidade. Como diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus (2025, p. 86), somos uma unidade (o homem) na pluralidade (espírito, alma e corpo) e uma pluralidade na unidade. A segunda observação é: a dupla constituição imaterial do homem (alma e espírito) não significa separabilidade dos elementos. Alma e espírito são inseparáveis. Não é incomum, portanto, que haja íntima comunicação entre eles, o que se apresenta na comunicabilidade, inclusive, da expressão das suas faculdades — isso, aliás, contribui para os dicotomistas verem um elemento apenas, e não dois. O fato é que o caráter unitário do homem — a sua integralidade — não admite ausência de afetação ou correlação mesmo em relação ao corpo. O homem é uma unidade composta e assim dever ser considerado. Por fim, esperamos que o leitor esteja ainda mais convicto de como a tricotomia humana está bem fundamentada nas Escrituras, e o quanto a sua compreensão conduz-nos ao exercício de uma vida cristã equilibrada.
Texto extraído da obra Corpo, Alma e Espírito, editada pela CPAD