Lição 10 – A Prisão de Jeremias
Prezado(a) irmão(ã) professor(a), a paz do Senhor! Esta lição 10 traz o relato de um momento difícil na vida de Jeremias. Durante esta aula, veremos o compromisso de Deus com a sua Palavra e com aqueles que lhe são fiéis, e isso sob quaisquer circunstâncias. “Começando pelo sofrimento de Jeremias em sua prisão, passando pela providência de Deus em manter as portas abertas e a sua Palavra agindo, concluindo, então com a aplicação de como o crente deve se portar frente às adversidades e a responsabilidade que o ser humano tem ao ouvir a mensagem de Deus.”
A fim de auxiliá-los na compreensão deste ensinamento, trazemos um trecho extraído do livro do trimestre cujo conteúdo também é de autoria do pastor Elias Torralbo.
I – A PRISÃO DE JEREMIAS
Deus não escondeu de Jeremias aquilo que ele enfrentaria ao longo de sua trajetória ministerial, mas comunicou-lhe sobre toda a adversidade e oposição a que seria submetido (ver Jr 1.19).
Jeremias foi alertado a respeito do que enfrentaria, não por causa dele, mas porque a mensagem que anunciaria serviria de incômodo aos indesculpáveis e inflexíveis. Diante desse aviso, o profeta tinha dois fundamentos sobre os quais poderia firmar a sua confiança, podendo assim descansar: i) ele foi previamente avisado sobre o que estava por vir, o que deu a ele as devidas condições de saber que as oposições e adversidades eram parte da dinâmica do plano de Deus para a sua vida; ii) essas adversidades e oposições serviram como motivo e garantia da presença de Deus com ele, ou seja, aquilo que, a princípio poderia parecer um problema, na verdade, tinha de ser visto pelo profeta como uma bênção. Finalmente, o profeta tinha as condições necessárias para não ser guiado pelas circunstâncias, por mais graves que pudessem vir a ser, antes, deveria estar firmado na promessa divina de permanecer a seu lado e ajudá-lo no enfrentamento de todas essas adversidades.
Certamente, na informação que Deus deu sobre as dificuldades que Jeremias enfrentaria, incluíam as suas prisões, mas sob a promessa de que o Senhor, não só estaria com ele, mas lhe daria o livramento. Sendo assim, este primeiro tópico deste capítulo se ocupa em discorrer sobre as prisões de Jeremias, levando em conta detalhes como a sua fidelidade nas adversidades e acerca de suas prisões, com alguns detalhes que contribuem com a compreensão e a extração de lições atuais.
1. Informações iniciais:
O assunto a ser tratado aqui chama a atenção, pois a prisão do profeta é apenas uma das muitas formas pelas quais o seu sofrimento toma forma e se apresenta ao leitor que, por natureza, se interessa em observar e pensar a dor do próximo. Isso mesmo, este é um tópico voltado para o sofrimento de Jeremias, bem explicado por Lawrence O. Richards em seu comentário de Jeremias 20.7-10:
Há pouco deslumbramento no ministério. Jeremias experimentara o lado obscuro da chamada de Deus e compartilha a angústia que está sentindo. Em vez de guardar a Palavra de Deus no coração, seus ouvintes insultaram-no, fazendo até pilhérias de seus pronunciamentos (v. 10). É muito sofrimento para um ministro que cuida realmente do povo a quem serve, não encontrar nele receptividade alguma. (RICHARDS, 2005, p. 460)
Essa foi a realidade do ministério de Jeremias e ele não a escondeu de seus compatriotas e nem mesmo daqueles que viriam a conhecer os detalhes de sua trajetória ministerial. O sofrimento do profeta se materializou de inúmeras formas, inclusive em suas prisões, no entanto, a sua maior dor é identificada na informação bíblica de que o povo não deu “ouvidos às palavras do Senhor que falou pelo ministério de Jeremias, o profeta” (37.2).
Jeremias 37 narra acontecimentos, em especial a prisão do profeta, de um período importante da história de Judá, pois se deu no momento em que os babilônios se afastaram de Jerusalém por um tempo para pelejar contra um exército egípcio (v. 5). Diante disso, ao invés de ouvir a voz de Deus, Judá optou por seguir os seus próprios caminhos e descansou na falsa sensação de que os babilônios não voltariam para atacá-la, ao que Jeremias enviou um alerta ao rei de que eles não só voltariam, mas a destruiria (8-10) e nem mesmo depois de preso o profeta alterou a mensagem, mas permaneceu fiel (17-18), sendo então colocado “no átrio da guarda” (20-21).
Esse foi um momento angustiante, tanto para Jerusalém que estava prestes a ser invadida pelos babilônios, como para Jeremias que, além de correr risco de perder a vida, tinha de lidar com o cumprimento de suas predições da destruição de seu povo. No entanto, todo esse sofrimento assumiu um significado importante para o profeta, já que o Senhor alertou o profeta a este respeito e utilizou-se disso como o seu propósito.
Sendo assim, as adversidades do ministério de Jeremias são serviram para neutralizá-lo, nem tampouco para humilhá-lo, antes para que, conjuntamente, reforcem as convicções de fé e ministeriais. As prisões de Jeremias, portanto, não podem ser tratadas como se tivessem sido um problema para o Senhor, pelo contrário, elas contribuíram com o amadurecimento da fé do profeta e o aprofundamento de suas raízes.
2. A primeira fase da prisão de Jeremias:
A fim de facilitar a compreensão e evitar possíveis confusões, a narrativa bíblica sobre a experiência de Jeremias em suas prisões será dividida em duas fases, tendo sido a primeira em um calabouço e a segunda no pátio da guarda do rei. O contexto da primeira fase teve o rei Zedequias como um dos protagonistas, e, como já se viu anteriormente, o seu governo foi caracterizado por sua fraqueza e a sua indecisão, tendo em vista causas pelas quais resultou na prisão de Jeremias.
Outro elemento importante que marcou o cenário da prisão do profeta foi a sua forte mensagem em advertir o povo a fugir do engano, já que havia decidido confiar em si mesmo e na força de seu rei, dando as costas para Deus (Jr 37.9) e demonstrando não conhecer a Deus (9.3) e nem o seu juízo (8.7).
Em meio a toda a calamidade espiritual de seus compatriotas e os perigos que o cercava, Jeremias demonstrou confiar no plano estabelecido por Deus, seguindo em frente e tendo de enfrentar a maldade destes seus irmãos. Assim como é comum de um ministério profético fiel, o de Jeremias dividiu opiniões, basicamente em dois grupos, os que o apoiavam (36.11-19) e os que com crueldade lhe faziam mal, como o de solicitar a autorização do rei para punirem a Jeremias (37.15). Jeremias ficou preso “por muitos dias” (16) num calabouço, que quer dizer “casa da cova”, onde tinhas as “suas celas”, lugar capaz de pôr a vida em risco (20).
Em certa medida, o que contribuiu para que Jeremias tivesse a sua dor amenizada, foi a oportunidade que teve de clamar ao rei Zedequias quando este lhe consultou, em meio ao seu desespero (vv. 17,21). Destaca-se, no entanto, que, mesmo em sofrimento e tendo a oportunidade de pedir auxílio ao rei, o profeta Jeremias não negociou a mensagem (vv. 18-20).
3. A segunda fase da prisão de Jeremias:
A narrativa sobre a segunda fase da prisão de Jeremias traz informações importantes que devem ser levadas em consideração para uma compreensão do envolvimento do profeta com o plano de Deus, assumindo as últimas consequências possíveis. Essa segunda fase se deu em um calabouço sem água, muito provavelmente se tratava de uma espécie de cisterna, ou um reservatório de águas, mas tomada de lama, tornando o sofrimento do profeta ainda mais intenso (38.6,7).
O que se percebe é que esses dias foram de perigo, tanto ao povo de Judá que estava sob a mira do exército babilônico, como para o profeta que tinha de lidar com a iminente prisão, não porque era um criminoso ou um malfeitor, mas única e exclusivamente pela sua firme decisão em entregar a mensagem de Deus ao povo com fidelidade. Jeremias foi vítima da maldade dos príncipes e da fraqueza do rei (38.5).
Um contraste interessante a receber destaque aqui é a maldade dos príncipes de Judá (1,4) versus a intercessão de Ebede-Meleque, um etíope — não um judeu — e a sua atuação em libertar o profeta (7-13). O rei atendeu ao pedido desse estrangeiro e isso, em primeiro lugar, reafirmou que a casa do rei estava dividida em virtude de sua fragilidade nas decisões e, em segundo lugar, a soberania de Deus, demonstrada em sua capacidade plena de usar a quem ele bem entender para cumprir o seu propósito.
Retirado do calabouço, Jeremias foi convocado a estar com o rei em uma reunião aparentemente íntima e reservada. Nessa conversa, o rei indagou o profeta sobre o futuro e, com certa nitidez, o texto bíblico demonstra o desconforto de Jeremias (vv. 15).
Diante da promessa do rei de que não o mataria, Jeremias se pôs a falar-lhe a Palavra de Deus e impressiona a manutenção da firmeza do profeta em, mesmo depois de todo o sofrimento a que foi submetido, não alterou a mensagem, mas a manteve intacta e a transmitiu ao rei com fidelidade admirável (13-23).
Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Verônica Araujo
Editora da Revista Lições Bíblicas Jovens
Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: TORRALBO, Elias. Exortação, arrependimento e esperança: o ministério profético de Jeremias. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.
