Lição 12: A manifestação da graça
Prezado(a) professor(a), para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria de Thiago Santos.
INTRODUÇÃO:
Há um elemento na vida de Davi que fez completa diferença para que ele deixasse de ser um mero pastor de ovelhas e, assim, tornar-se um dos maiores reis de Israel: a graça. A graça de Deus fez-se significativa na história de Davi no tocante aos propósitos divinos, mas também no que diz respeito aos erros cometidos pelo ungido do Senhor ao longo da sua caminhada. Conhecer e desfrutar dessa graça fez com que Davi transbordasse bondade para com os que estavam ao seu redor. Davi usou de graça e bondade até mesmo para com os seus inimigos.
Foi a graça presente no coração de Davi que o levou a ser gracioso com Mefibosete, filho de Jônatas. Davi cumpriu com a promessa feita a Jônatas no dia em que ambos firmaram uma aliança e prometeram fazer o bem para com os seus respectivos descendentes. Mesmo depois de um tempo, ele procurou saber se havia alguém vivo para que pudesse usar de graça e cumprir com a promessa. A graça de Deus moldou o coração de Davi para que ele compartilhasse com as pessoas ao seu redor da mesma graça que um dia recebeu da parte de Deus.
Apesar de tudo o que vivenciou como homem segundo o coração de Deus, Davi não foi uma pessoa perfeita. Depois de muitos anos, quando a sua vida estava mais calma e o seu reino encontrava-se consolidado, as Escrituras narram que Davi não permaneceu com o seu coração perfeito para com Deus. No tempo em que os reis saíam para as batalhas, Davi ficou em casa e acabou pecando contra os que eram da sua confiança. A mulher de Urias, que era um dos seus valentes mais corajosos, foi o alvo do pecado do rei. Davi cometeu um adultério e, em seguida, articulou a morte de Urias. Esse mal quase lhe causou a perda do reino e configurou uma verdadeira guerra entre os seus familiares. Mais uma vez, a graça de Deus manifestou-se sobre Davi para que ele alcançasse o perdão.
Observe que a graça de Deus presente na vida de Davi e o jeito como ele compartilhou dessa graça para com os seus semelhantes faz com que nos lembremos do modo gracioso como fomos reconciliados com o Pai mediante Jesus Cristo. Uma vez que essa comunhão foi re-atada, Cristo concedeu-nos uma série de privilégios que jamais seriam alcançados se não fosse a graça de Deus derramada em nossa vida. Mais uma vez, por meio da história de Davi, somos encorajados a praticar a mesma bondade e misericórdia que nos foi concedida. Somos graciosos para com o próximo porque foi Cristo quem nos agraciou primeiro.
A BONDADE PARA COM MEFIBOSETE:
A atitude de Davi para com Mefiboste exemplifica o tipo de pessoa que foi alcançado pela maravilhosa graça divina. Um coração que experimentou longos dias de sofrimento e que conhecia o preço de ser esquecido e rejeitado pela própria família tinha agora nas suas mãos a oportunidade de fazer diferentemente. Davi não só concedeu a Mefibosete a honra de comer na sua mesa todos os dias, como também ordenou a restituição das terras que pertenciam aos seus pais (2 Sm 9.7).
A comunhão entre Davi e Jônatas rendeu bons frutos porque foi construída com base na graça divina. Foi nos momentos mais difíceis enfrentados por Davi que o seu amigo Jônatas mostrou-se presente, mesmo tendo que perder a confiança do seu pai e abster-se da sucessão ao trono que lhe era por direito em razão de ser filho do rei (1 Sm 19.1-11). Os seus exemplos mostram-nos que um coração alcançado pela graça divina sabe ser gracioso para com os que mais precisam ser amparados.
Há ainda alguém?
Passaram-se muitos anos desde que Davi firmara uma aliança com Jônatas. É normal pensar que ele não se lembraria do que havia tratado com o seu antigo amigo por conta dos tantos compromissos assumidos enquanto rei de Israel. No entanto, o que nos mostra a história é que Davi não se esqueceu. Ele tinha uma dívida a ser paga com Jônatas. A aliança com Jônatas mencionava o cuidado e a bondade para com ambas as casas. Com a morte do filho de Saul, restou a Davi o cumprimento do que havia sido aliançado.
Certo dia, Davi decidiu procurar algum descendente de Jônatas para que pudesse honrar como havia prometido. Então, o rei perguntou ao servo Ziba: “Há ainda alguém que ficasse da casa de Saul, para que lhe faça bem por amor de Jônatas?” (2 Sm 9.1). Essa atitude de Davi revela não a obrigação, mas a intenção de um coração que foi alcançado e transformado pela graça divina.
Observe que Davi teve a predisposição para procurar saber de Mefibosete. O seu exemplo simplesmente nos mostra que todo servo de Deus dedicado a obedecer às Escrituras tem prazer em fazer o bem. Nele cumpre-se Provérbios 21.15, que diz: “Praticar a justiça é alegria para o justo, mas espanto para os que praticam a iniquidade”. Assim que encontrou o filho de Jônatas, Davi não demorou para cumprir a sua promessa porque a cumpriu com alegria. Não devemos fazer o bem para as pessoas como se isso fosse uma obrigação, e sim porque somos chamados por Deus para viver o evangelho, isto é, um estilo de vida que revela a vontade de Deus para nossa conduta neste mundo, inclusive, praticar o bem (Rm 12.1,2).
Naquela ocasião, o servo Ziba revelou a história de Mefibosete e o seu paradeiro (2 Sm 4.4; 9.4). O filho de Jônatas, com os pés aleijados por conta de um acidente ainda na infância durante a fuga dos inimigos que buscavam exterminar a casa de Saul, vivia em Lo-Debar, na casa de Maquir, filho de Amiel. Então, Davi ordenou que buscassem Mefibosete para que pudesse agir com bondade, por amor a Jônatas.
Dois Atos de Bondade:
A comunhão entre Davi e Jônatas transcendeu gerações. Desde o início, Davi e Jônatas desenvolveram uma amizade construída com base na graça divina. Enquanto Davi respeitava o amigo como filho do rei, Jônatas arriscou a confiança com o seu pai e sucessão ao trono por reconhecer Davi como o escolhido de Deus para tal função (1 Sm 19.1-11). A amizade entre os dois foi um instrumento de Deus para proteger, ensinar, treinar, edificar e dar suporte emocional a Davi diante das tantas perseguições sofridas. Dessa aliança, Deus proveria as condições para que Davi alcançasse os propósitos divinos.
Honrar a promessa, mais do que ajudar um homem exilado e aleijado, era muito importante para Davi. Tratava-se de levar adiante o legado de um antigo amigo que soube respeitar a unção de Deus que estava sobre a sua vida. Assim sendo, Davi não poderia ser negligente para com Mefibosete. Então, assim que encontrou o filho de Jônatas, mandou chamá-lo. Quando o filho de Jônatas entrou no recinto onde estava o rei, prostrou-se diante da sua presença, e o rei exclamou: Mefibosete! (2 Sm 9.6). A forma como esse nome foi mencionado trouxe alento ao coração do jovem.
Naquele momento, ocorreram dois inspiradores atos de bondade praticados por Davi: recebeu o filho de Jônatas e neto de Saul na sua mesa diariamente como se fosse o seu próprio filho (2 Sm 9.7). Isso significava que Mefibosete seria tratado como se fosse um filho legítimo de Davi. Comer à mesa do rei era uma honra dispensada a pessoas importantes. O segundo ato inspirador era devolver as terras que pertenciam ao seu avô e criar condições para que ele tivesse o seu sustento de forma continuada (2 Sm 9.9-10). Mefibosete estava em Lo-Debar, que significa “coisa de nada”, um local conhecido pela falta de recursos. Desde então, aquele que não tinha nada agora tem tudo porque foi agraciado pelo rei
Alcançado pela Graça:
O exemplo de amizade entre Davi e Jônatas é a clara evidência de que uma vida alcançada pela graça de Deus produz bons relacionamentos. Também nos mostra que há bênçãos que sobrevirão à nossa casa, aos nossos familiares e amigos, que são consequência de nosso compromisso para com os princípios da Palavra de Deus. As atitudes de Davi e Jônatas eram sementes que renderam bons frutos no tempo certo.
A bondade de Jônatas serviu de remédio ao coração de Davi em tempos de grande calamidade e “na angústia [nasceu] um irmão” (Pv 17.17). Nesse tempo, o coração de Davi foi moldado pela graça de Deus. Uma vez alcançado pela graça divina quando passava pela escassez, Davi viu-se agora no dever de compartilhar dessa mesma graça para com as pessoas que o próprio Deus colocaria diante dele, e Mefibosete era uma dessas pessoas.
Jônatas, em contrapartida, não teve o mesmo destino. Por conta da desobediência do seu pai, a sua vida foi ceifada quando os inimigos do rei perseguiram-nos no monte Gilboa. Naquela ocasião, tanto o rei quanto os seus filhos foram mortos pelas mãos dos filisteus (1 Sm 31.1-6). Jônatas, contudo, cumpriu a sua parte quando teve a oportunidade. Ele não rejeitou o fato de Davi ser o escolhido de Deus para suceder ao trono. Mesmo contrariando o seu pai, o rei Saul, ele teve uma atitude nobre e esforçou-se para que Davi assumisse a posição no tempo devido.
Jônatas não foi recompensado pela sua bondade e graciosidade em vida, mas a sua posteridade receberia das mãos do futuro rei Davi a devida gratificação. Quando Davi tratou de agraciar Mefibosete, cuidou para que as terras fossem restituídas de modo que o filho de Jônatas jamais sofresse novamente a escassez de recursos que experimentara em Lo-Debar. O exemplo de Davi e Jônatas mostra-nos que Deus sabe recompensar os seus servos que são generosos.
Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Thiago Santos
Editora da Revista Lições Bíblicas Jovens
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